terça-feira, 24 de agosto de 2010

Guggenhein Motorcycle Club


Antes do fim, ele tomava chá com limão e mel, usava ternos Hugo Boss e passava longe das drogas e do álcool - com exceção da maconha. Também passava longas tardes jogando golfe com seu amigo Jack Nicholson. "Hoppy era muito lento no golfe, muito específico", diz Nicholson. "Era um tremendo espécime físico."
Hopper ainda andava de motocicleta, mas, naquele tempo, o rebelde hippie chapado de Easy Rider - Sem Destino fazia viagens tranquilas com uma turma de amigos que se autodenominava Guggenheim Motorcycle Club, incluindo Lauren Hutton, Jeremy Irons e Laurence Fishburne. Eles pegavam um avião e iam para um país onde o museu Guggenheim estivesse fazendo uma promoção - Rússia, Emirados Árabes, Espanha - e passavam vários dias montados em motos BMW até chegarem ao evento, seguidos por veículos que carregavam a bagagem. Ele até votou em George W. Bush duas vezes - em parte porque era o contrário daquilo que os atores de Hollywood fariam, e Hopper precisava sempre ser do contra.
Ele trabalhava sem parar, fez 25 filmes na década passada. Mas, mesmo esforçando-se o máximo possível, parece que não conseguiu cumprir a promessa feita nos primeiros anos de carreira, quando entrou para o velho esquema dos estúdios na década de 1950 e parecia destinado a se transformar em um ícone como Paul Newman ou em um meteoro reluzente como James Dean. Em vez disso, depois de tomar um desvio dos mais extremos - do ponto de vista químico e artístico - na história de Hollywood, Hopper se transformou, no conforto da idade avançada, em algo mais inesperado do que qualquer uma de suas encarnações anteriores: ator trabalhador e confiável e colecionador de arte respeitável. Em seus últimos anos, ele se considerava um fracasso. "Nunca senti que fiz o grande papel", ele diz. "Nunca senti que dirigi o grande filme. E não posso dizer que seja culpa de ninguém além de mim mesmo."
No fim da vida, em uma de suas viagens com o Guggenhein Motorcycle Club, Hopper ficou emocionado quando o amigo Laurence Fishburne confessou que sentia intimidado pelo mundo da arte. “Permita-me mostrar o musueu a você”, Hopper sugeriu. “Deixa-me mostrar a você o que significa.” Conduzindo Fishburne por peças e galerias silenciosas explicou:” Estas pinturas, todas estas obras no museu, são suas amigas, e você vai visitar suas amigas. E se tem alguém aqui de quem você não gosta, não precisa perder tempo com ela.”
Em uma igreja de adobe retratada em quadros de Georgia O´Keefe, o irmão de Hopper leu “The Pilgrin”, a ode escrita por Kris Kristorfferson a seu amigo solitário, briguento e sem destino. Houve muitas risadas e muitas lágrimas. Então, Hopper foi colocado para o descanso eterno em solo indígena sagrado. Os presentes ouviram um último estrondo furioso. E Jack Nicholson, disse: “Quando eles aceleraram os motores, eu também me senti acelerado.

fonte Rolling Stone

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