quarta-feira, 26 de agosto de 2015

As últimas sessões de Gringo!

                           Ray Titto, Paulo Lopes, Victor Lacombe, Michael Moran e Grillo Rocha.

                                 O produtor musical Grillo Rocha e o violinista Michael Moran.

                                 O violinista da banda Rioclaro Michael Moran no Studio GR 01

                        Os maestros Grillo Rocha e Victor Lacombe gravando o álbum GRINGO!

                                                    Victor Lacombe gravando GRINGO!

                                                      Victor Lacombe gravando GRINGO!

                                                Victor Lacombe gravando  no Studio GR 01

                                                       Victor Lacombe gravando GRINGO!

                             Michael Moran  gravando o álbum da banda Rioclaro - GRINGO!

                                             Banda Rioclaro gravando  no Studio GR 01

                                Paulo Steel E El Coyote Michael Moran  gravando GRINGO!

 Victor Lacombe gravando GRINGO -  no Studio GR 01

O final das gravações de Gringo foi durante o outono no Distrito Federal. As sessões foram de violino e percussão, ambos Michael Moran e Vistor Lacombe davam suas escapadas clandestinamente, "para enfumaçados clubes clubes cubanos" sobre empoeirados solos de Paulo Lopes e letras para entender e amar ainda mais nossa latinidade. Na engenharia do som, Grillo Rocha, teve que lidar com os mais diversos problemas que aparecem nos sets de gravação, guitarras com timbres rock and roll ao lado de violões com timbres de faroeste italiano , sessões que precisaram ser repetidas diversas vezes, a pressão dos produtores Guillermo Planel e Renata Varella até o inesperado afastamento daquele som country que a banda tanto buscara no Álbum Chão Vermelho.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

"Estamos no centro do país e temos muito do cerrado" O cerrado que inspira artistas e biólogos.


O fascínio pela natureza nativa move diversos fotógrafos e ilustradores da cidade.Com diversas técnicas, eles buscam recriar espécimes do cerrado em seus detalhes mais sutis. 
"No princípio era o ermo/ Eram antigas solidões sem mágoa/ O altiplano, o infinito descampado/ No princípio era o agreste: O céu azul, a terra vermelho-pungente/ E o verde triste do cerrado." É assim que Vinicius de Moraes inicia a Sinfonia da Alvorada, dedicada ao então presidente Juscelino Kubitschek e à cidade que nascia no meio do cerrado. As palavras do poetinha exploram esse sentimento ambíguo de vastidão e encantamento para com a natureza bruta, sobre a qual a capital foi erguida. Para quem tem olhos atentos, essa pureza ainda está disponível e é fonte de inspiração. Nas páginas a seguir, apresentamos artistas empenhados em retratar a verdadeira beleza cerratense. Calendário poético"Eu amo o cerrado. Gosto muito de andar e conhecer as plantas. O silêncio é maravilhoso". Com voz mansa e lucidez invejável, é assim que Therese Von Behr, 85 anos, explica por que gosta tanto de pintar a fauna e a flora cerratenses. A lituana Therese chegou ao Brasil em 1956 depois de viver na Letônia, na Alemanha e no Canadá. Com 10 anos, deixou para trás a fazenda da família, fugindo da Segunda Guerra. Em Mato Grosso, virou Teresa e, hoje, atende pelos dois nomes. Em 1974, chegou à capital e se apaixonou perdidamente pelo Planalto Central e sua diversificada natureza. "Não me arrependi nem um pouco de ter vindo para cá. Gosto muito de Brasília, estamos no centro do país e temos muito do cerrado", completa.

"Sempre fui boa em desenho, mas comecei a pintar mesmo depois que cheguei a Brasília", conta. Ela acredita que o talento está em sua genética. "Acho que, quando nascemos, trazemos um bagagem de talentos. Minha mãe era pintora, uma grande artista, viajava o mundo fazendo portraits, e minha ligação com a pintura vem daí", explica Therese, mãe do poeta Nicholas Behr.

"Queria que as pessoas conhecessem a vegetação e a natureza que existem ao redor de onde moram", afirma. Assim surgiu a ideia de produzir calendários ilustrados. "Por meio deles, as pessoas poderiam acompanhar as estações. Em janeiro, pinto uma flor ou animal que aparece em janeiro e da forma como se apresentam em janeiro, que é diferente do resto do ano", completa, com um sorriso de quem contempla uma missão cumprida. Já tem aquarelas prontas para uma próxima edição e está em busca de uma editora parceira.
Em suas andanças, Therese foi além do Quadradinho. Retratou, por exemplo, os biomas de Rondônia, Piauí e Rio Grande do Norte. Mas seu hábitat natural é a chácara da família, perto de Luziânia (GO), destino certo pelo menos duas vezes ao mês. Foi lá em que ela recebeu a reportagem. Durante a visita, interrompeu a fala por instantes quando avistou uma flor no meio do mato. "Nossa, essa é linda demais." Não teve dúvidas: subiu o barranco e atravessou a vegetação seca com mais agilidade que muita mocinha. De lá, questionou o fotógrafo: "Você não vem aqui fazer minha foto com essa flor?".
Pinceladas pela preservação
O envolvimento da bióloga Mari Toshiro, 64 anos, com as artes remonta a suas origens. Descendente de japoneses, resolveu, já adulta, estudar o sumiê, modalidade de desenho oriental. Na técnica nipônica, as ilustrações são feitas com um tipo especial de carvão animal. Formada em biologia, sempre gostou de retratar a natureza e começou a sentir falta das cores no sumiê. "Eu gostava muito, mas somente a preta e a branca não me satisfaziam mais, eu precisava de cores e passei a estudar aquarela artística", conta.

Depois de três anos, conheceu a ilustração científica e se encantou. "Ela é mais real, não podemos fugir do que estamos vendo, não existe muita liberdade para criar e, como a aquarela era muito livre, eu gostei de ter algo mais fixo e real para retratar", explica. O fato de não poder inventar, no entanto, não tira o aspecto artístico da ilustração. "Apesar de ser mais certinha, como se fosse uma fotografia, sempre tem o dedo do artista. O ilustrador enxerga a figura como um todo e coloca sua alma naquele desenho", afirma.

"Retratamos animais e plantas do cerrado, esse bioma riquíssimo que não é muito bem explorado ou divulgado", lamenta Mari, integrante da Associação de Ilustradores Científicos do Centro-Oeste Brasileiro (ICCOB). Com a voz empolgada, porém, acrescenta que o cerrado tem muito de outros biomas e é encontrado, mesmo que timidamente, em quase todo o Brasil. "Tem muita diversidade e quase posso dizer que o cerrado é como a mãe de todas as plantas brasileiras."

Mari, e todos os integrantes da ICCOB, têm uma preocupação em retratar o cerrado antes que mais do bioma se perca. "Somos a única associação de ilustradores científicos do Brasil e precisamos registrar o máximo possível, pois trata-se de um bioma que não é bem conhecido nem por quem vive aqui", protesta. Por isso, ela considera suas aquarelas mais do que arte: são uma forma de protesto e alerta.

Rioclaro, Raimundos, Plebe Rude, Autoramas... As Melhores Bandas do Mundo no estúdio Refinaria

Em março, a banda Rioclaro junto com Raimundos, Autoramas, Plebe Rude, Zélia Duncam, Dillo Araujo entre outras 20 bandas de Brasília, gravaram o álbum As Melhores Bandas do mundo, em comemoração aos 20 anos da Companhia de Comédia Os Melhores do Mundo.
 









Rioclaro no Amsterdam 211 Pub


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Barca Brasília








No dia 25 de julho, show acústico especial - Los Fabulosos Cantantes De Rioclaro - e a Barca Brasília uniu o espetacular, a cultura e o lúdico, diante do mais belo cenário da capital, uma reflexão sobre as belezas naturais, arquitetônicas, onde o Lago é um espaço vivo, totalmente integrado com o Cerrado. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Rioclaro homenageia o "Rebelde Vagabundo" Victor Simon em Gringo!




Afonso Vitor Simão - Macaé, RJ, 1/8/1916 ~ São Paulo, SP, 20/5/200 Compositor genuíno, batalhador pioneiro pelos direitos autorais, amigo de Custódio Mesquita e Ismael Silva, Victor cantou pouco, mas criou muito para que outros transformassem sua alma em som. Na lista de intérpretes de suas músicas, entre tantos outros, ecoam as vozes eternas de Francisco Alves, Isaurinha Garcia, Luiz Gonzaga, Bob Nelson, Gilberto Alves, Quatro Ases e Um Coringa, Os Cariocas, Trio de Ouro, Geraldo Pereira, Blecaute, Araci de Almeida, Nelson Gonçalves, Linda Batista, Carlos Galhardo, Maurici Moura, Altemar Dutra, Titulares do Ritmo, Roberto Luna, Cauby Peixoto, Anjos do Inferno e Jamelão.

Vejo alguém ali torcendo o nariz para o Bob Nelson. É´, Victor Simon compôs várias músicas para Bob, inclusive três de seus maiores sucessos: "Minha Linda Salomé" (em parceria com Denis Brean), "O Boi Barnabé" (em parceria com o próprio Bob Nelson) e "A Valsa do Vaqueiro". Mas que ninguém se iluda, atrás da roupa de caubói americano, dos falsetes tiroleses improvisando "ourureirilus" e de algumas canções desnecessárias, o cantor Bob Nelson, cujo nome de batismo era Nelson Perez, é um grande intérprete de xote, valsa, marcha de carnaval e samba. Quem duvidar pode ouvir seu domínio rítmico e melódico nos sambas-choros "Um Samba na Suíça" (dos míticos compositores – comumente visitados por João Gilberto – Haroldo Barbosa e Janet de Almeida) e "Vaqueiro no Samba" (de Irany de Oliveira e Rosalino Senos). Inspirado provavelmente pela marcha de carnaval "Cawboy do Amor" (de Wilson Batista e Roberto Martins) lançada em dezembro de 1940 pelos "Anjos do Inferno", Bob Nelson criou seu estilo, que pode até ser criticado em vários aspectos, mas não deixa de ser, no mínimo, antropofágico. No citado "O Boi Barnabé" (que era apaixonado por uma vaca que dava "leite açucarado misturado com café" "engarrafado com tampinha e com rolha") a suposta rendição à cultura americana é subvertida pela deslavada marchinha de Victor e Bob, como se o caubói se derramasse desvairado em plena terça-feira gorda. E para completar a barafunda, só faltava mesmo Ciro Monteiro fazendo com a voz o mugido do boi apaixonado. Mas nem isso faltava. Na gravação em novembro de 1945, Ciro estava presente, atendendo pelo nome de Barnabé.

A menção a Ciro Monteiro nos faz atentar para um outro nome da lista de intérpretes das obras de Victor Simon: Geraldo Pereira. Se o Formigão cantou como poucos os sambas de Geraldo, em o "Falso Patriota" a presença de Simon subverte novamente a história, pois Pereira deixa de lado a sua arte de compor para ser simplesmente intérprete. Aliás, um grande intérprete.

Tive notícia recente de um comentário em um blog onde, por causa de "Falso Patriota", Victor Simon foi chamado injusta e injuriosamente de "comprositor" (a insinuação é de que o autor verdadeiro seria Geraldo Pereira). O comentário – que foi bravamente combatido por Fernando Szegeri em um discurso inflamado diante das mesas e violões do "Ó do Borogodó" – só pode ser fruto de confusão, desinformação ou desatenção lógica e histórica, jamais de má fé, suponho. Ora, analisando a grandiosa obra (tanto em número quanto em qualidade) de Victor Simon e a extensa lista de seus (brilhantes) intérpretes, percebe-se que ele jamais foi um falso compositor que se apropriava de músicas alheias.

No que diz respeito à composição específica, o comentário injusto não encontra qualquer respaldo em obras fundamentais sobre Geraldo Pereira, como são os casos de "Um Certo Geraldo Pereira", de Alice Duarte Silva de Campos, Dulcinéa Nunes Gomes, Francisco Duarte Silva e Nelson Matos (Nelson Sargento) – Rio de Janeiro: FUNARTE/INM/Divisão de Música Popular, 1983 e "Um Escurinho Direitinho – A Vida e Obra de Geraldo Pereira, autor de ‘Falsa Baiana’, ‘Bolinha de Papel’ e dezenas de outros sambas imortais’ ", de Luís Fernando Vieira, Luís Pimentel e Suetônio Valença – Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. Isso sem falar no texto de contracapa de Zuza Homem de Mello para o LP que resgatou "Falso Patriota" do limbo dos 78 rpm, "Sambistas de Bossa & Sambas de Breque" (RCA – 107.0278 – 1977).

Do ponto de vista lógico e histórico a injúria não se justifica. "Comprositores" sempre houve em nossa música, mas tal prática se dava (e talvez ainda se dê) nas seguintes hipóteses mais constantes: a) ou o "comprador" buscava a parceria para ter seu nome impresso e divulgado ao lado de um compositor respeitado – não só para também conseguir fama, mas visando principalmente à gravação da música por algum intérprete renomado, o que resultaria em provável retorno financeiro, ou b) tal "usurpador", não raro um cantor já reconhecido, percebendo as potencialidades artísticas e econômicas de um determinado samba, comprava (das mais diversas formas) a parceria (ou a composição toda) para lucrar não só como intérprete, mas também pela arrecadação de direitos autorais. No caso de "Falso Patriota" – gravação de 26 de junho de 1953, no lado "A"do 78 rpm que apresenta no "B" "Cabritada Mal Sucedida", do próprio Geraldo, Wilton Wanderley e Jorge Gebara (RCA – Victor 80.1192) – a situação se inverte. Por mais que fosse um compositor respeitado (ainda que não fosse reconhecida sua genialidade àquela época), Pereira não era um intérprete famoso, embora igualmente fantástico. Geraldo Pereira teve dificuldade para gravar seus 32 registros como cantor, sendo talvez o referido disco, seu maior "sucesso" nessa área. Victor já era autor reconhecido na época da gravação de "Falso Patriota" e não tinha interesse nenhum em gravar com um cantor de pouca projeção, a não ser o prazer de ouvir seu samba na voz de um artista que ele, sensível como Geraldo, percebia ser um mestre. Talvez Pereira tenha tido mais interesse nessa gravação do que Victor, justamente porque, nessa época queria se firmar como cantor, e o reconhecimento de um compositor respeitado como Simon emprestava respeitabilidade ao seu disco. Logicamente Geraldo não precisava nada disso, como se pode constatar ouvindo, no lado "B", o brilhante samba "Cabritada Mal Sucedida" talvez um dos seus sambas mais perfeitos; mas dizer que Victor Simon não seria capaz de compor "Falso Patriota" é totalmente equivocado, e, repita-se, injusto. No samba – talvez uma resposta a eventuais críticos de sua ligação com Bob Nelson – Victor enaltece as coisas e valores brasileiros, criticando os que abdicam dos produtos nacionais em detrimento do estrangeiro. Se em "O Boi Barnabé" Simon praticava canibalismo cultural, em "Falso Patriota" ele beirava a xenofobia, talvez reflexo das idéias marxistas que desde essa época passara a defender com paixão. Não bastasse tudo isso, não se pode menosprezar a participação na autoria de David Raw, parceiro constante de Victor Simon e também um compositor de talento como atesta o samba (em parceria com Jucata) "Vida Dura", sucesso na voz de Caco Velho, recentemente regravado por Germano Mathias.

A preocupação social foi sempre uma constante na obra de Victor Simon, ainda que essa não apareça muitas vezes de forma explícita. No samba "Porteira do Brás" (em parceria com Lys Monteiro), gravado por Wilson

Roberto (acompanhado pelo regional de Benedito Lacerda e Raul de Barros no trombone, provavelmente no final da década de 40), ao tratar da derrubada de uma porteira da rede ferroviária que atrapalhava o trânsito no bairro paulistano do Brás, Victor Simon metaforicamente abre os olhos e ouvidos da cidade para os então renegados bairros pobres da zona leste, região marginalizada e esquecida pelos órgãos públicos. Se o então governador de São Paulo, Adhemar de Barros tentou utilizar a música em seu benefício político (já que fôra ele que, com a construção do Viaduto do Gasômetro, derrubara uma das porteiras – embora somente em 1967 o Brás tenha se livrado definitivamente de seus "entraves"), espertamente Victor Simon inseriu com pioneirismo a "cidade excluída", mencionando bairros renegados em um samba que fez muito sucesso na época e que abriu trincheiras para que Adoniran Barbosa chegasse até as Vila Ré e Esperança. Pouco depois, Victor Simon voltou a tratar de "cidades partidas" (para usar uma expressão muito cara a Zuenir Ventura): em janeiro de 1954 foi lançada a marcha "Vagalume" (em parceria com Fernando Martins) através de duas gravações diferentes, uma de Violeta Cavalcanti e outra dos Anjos do Inferno. Estrondoso sucesso de carnaval, os versos "Rio de Janeiro, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz" escondem por trás do genial espírito irônico (gozador, diria João Nogueira) do carioca (embora Victor fosse fluminense de Macaé, incorporara todo bom-humor da capital) uma crítica social violenta, que não se restringia a cidade do Rio de Janeiro, mas a todas as outras cidades brasileiras: o desprezo dos poderes públicos às necessidades da população. Por trás de monumentos, de praias aclamadas com lirismo, de uma cidade violentamente bela, existia outra, mal-administrada, tomada por problemas, feita de pessoas que moravam no asfalto e nos morros, vistas tantas vezes apenas como parte de uma paisagem exótica. Naquele momento, Simon e Fernando Martins não diziam isso com todas as letras, mas hoje a profecia de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro parece querer se cumprir e o morro ameaça descer sem que seja carnaval para receber aquilo que sempre lhe foi negado. Depois de carnavalizar o caubói americano, defender sincopadamente o produto brasileiro, abrir as portas da cidade para a zona leste e seus moradores entrarem na música brasileira incomodando a elite paulistana e denunciar risonhamente o descaso do governo com a população, Victor – não antes de alcançar sucesso com o samba "Bom Dia, Café" na voz de Roberto Luna em 1958 – resolveu se embrenhar por China, Rússia, América Latina e acabou conhecendo "Che" Guevara, declarado fã do "bolero-mambo" de Simon (vertido para várias línguas), "O Vagabundo", "Que importa saber quem sou/Nem de onde venho/Nem pra onde vou/O que eu quero são os teus lindos olhos, morena/Tão cheios de amor/O sol brilha no infinito/E aquece o mundo aflito/Que importa saber quem sou/Nem de onde venho/Nem pra onde vou/Eu só quero é o teu amor/Que me dá a vida/Que me dá calor/Tu me condenas por ser vagabundo/E meu destino é viver ao léu/Pois vagabundo é o próprio mundo/Que vai girando no azul do céu".

E o mundo vagabundo foi estraçalhando Victor Simon. O autoritarismo brasileiro das décadas de 60, 70 e início da de 80 foi pouco a pouco sufocando seus sambas, sua marchas, suas idéias de igualdade e sua vida. A crença em regimes alternativos que pudessem salvar o homem que caminhava na rua acabou se transformando apenas na crença naquele homem. E nada mais. Perto do fim, talvez continuasse compondo em nome dessa fé, mas suas músicas há tempos não ganhavam vida e muitas morreram junto com ele. Amigos como Roberto Lapiccirella e Osvaldinho da Cuíca ainda conseguiram que Victor Simon, com mais de 80 anos, se apresentasse lembrando suas histórias. E nessas horas ele se desgrudava um pouco do sufoco a que fora condenado para cantar em paz.

Não se pode negar ao artista o direito de cometer erros. Victor Simon deve ter cometido os seus e sua vida terminou de maneira quase miserável. Mas os erros não se comparam à sua obra, às suas idéias, ao seu amor pelo mundo. E ele não merecia morrer da forma que tanto lutou para que o homem não vivesse. Uma segunda-feira, 16 de maio de 2005, encontrou o boêmio, compositor e sonhador Victor Simon morto, aos 88 anos. E primeiro de agosto estará logo ali, esperando pelos 89 que nunca virão.

Por Caio Silveira Ramos




segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Rioclaro na Festa de Mariápolis


                          Paulo Lopes, Michael Moran, Ray Titto, Saulo Cardoso e Rodrigão