segunda-feira, 17 de maio de 2010

Johnny Winter no Ferrock. Ceilândia tremeu!

Vito Liuzzi - bateria -Johnny Winter, Paul Nelson - guitarra -, Scott Spray - baixo.
Rolava uma apresentação de catira, enquanto Victor Lacombe passava mal no colo de Núria, comprei meus primeiros tickets de cerveja. No meio da galera, Renato Faria dançava alucinado com Juninho, Paulo Steel não tirava os olhos do pequeno palco, Miguel Mello, Rafael Cury, Marcelo Marssal, Gabriel Lacombe esperavam a maior atração desta edição do Festival Ferrock. De repente um dos primeiros alunos de guitarra do 'colecionador de notas' Steve Vai, Paul Nelson, detonou um fraseado Tex-Mex mostrando que seu chato professor não evitou que ele se afundasse nas águas de Albert King e Jeff Beck. Seus solos, na abertura do show, mostravam um compositor inusitado. Aquela strat preta rasgava rock and roll, caminhava pelo jazz e sem nenhuma cerimônia, berrava no blues. Tinha também o delirante baixista Scott Spray. Rodado pra caramba, começou a tocar seu instrumento quando ainda era uma criança. Gravou com Angela Clemmons no hit "Give Me Just a Litlle More Time", tocou com Edgar Winter, Felix Cavaliere, com o Blues Brother Matt "Guitar" Murphy, Ronnie Spector , The Stylistics, Peter Criss e com os açucarados The Platters. Scott é puro rock and roll. De repente, com movimentos brandos, entrou o Senhor Winter. Esqueçam os antidepressivos, seus anos na vodca, e outras drogas de deixar Keith Richard abatido. Johnny Winter pegou sua contemporânea Erlewine Lazer guitar, sentou-se numa cadeirinha de plástico safada e ali ficou até o fim. Imediatamente, provou porque se tornou tão admirado quanto T. Bone Walker, Stevie Ray e Albert Collins. Lembrei de Luiz Bessa me mostrando nas antigas as versões de Johnny B. Goode, Highway 61 Revisited, Slippin And Slidin e das fitas que rolavam na "Brasa" rebaixada de Rogério Faria Franco. Bons tempos... A gente acelerava na Fróes ouvindo Hustled Down In Texas e Fast Life Rider e esses caras me empurravam estas músicas num tempo em que só queria ouvir Rockabilly. Valeu Rogério... Obrigado, Bessa! Agora, Johnny Winter estáva cantando Bonnie Morone na minha frente.
Não rolava set list, neguinho decidia o repertório no pé do ouvido. O bom texano levantava a galera com Red house e Black Jack. Mas, tinha sempre um cabeludo gritando: “Still alive and well “. A felicidade foi plena quando finalmente ele tocou na sua boa e velha Gibson Firebird de 1963 e o mais bacana é que o Ferrock promoveu o encontro do rock and roll com representantes de manifestações populares como catira, dança folclórica e emboladores de coco.
- Nós temos de ter esse tipo de ousadia. Do mesmo jeito que nós não deixamos o rock morrer, eles não deixam a verdadeira cultura popular brasileira desaparecer. Os governantes deveriam levar esses representantes para dentro dos teatros. - Disse o produtor do evento Ari Barros.
Parabéns, Ari!

Gibson Firebird de 1963
Ray Titto

Um comentário:

  1. Cara, que inveja (no bom sentido),
    Johnny Winter e Catira, sensacional,
    acho que se estivesse nessa me derrameria em lagrimas, coisa que só me aconteceu no Stones em Copa. E demais me recomporia com litros de cerveja. E viva o mestra Johnny Winter.

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