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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Rioclaro homenageia o "Rebelde Vagabundo" Victor Simon em Gringo!




Afonso Vitor Simão - Macaé, RJ, 1/8/1916 ~ São Paulo, SP, 20/5/200 Compositor genuíno, batalhador pioneiro pelos direitos autorais, amigo de Custódio Mesquita e Ismael Silva, Victor cantou pouco, mas criou muito para que outros transformassem sua alma em som. Na lista de intérpretes de suas músicas, entre tantos outros, ecoam as vozes eternas de Francisco Alves, Isaurinha Garcia, Luiz Gonzaga, Bob Nelson, Gilberto Alves, Quatro Ases e Um Coringa, Os Cariocas, Trio de Ouro, Geraldo Pereira, Blecaute, Araci de Almeida, Nelson Gonçalves, Linda Batista, Carlos Galhardo, Maurici Moura, Altemar Dutra, Titulares do Ritmo, Roberto Luna, Cauby Peixoto, Anjos do Inferno e Jamelão.

Vejo alguém ali torcendo o nariz para o Bob Nelson. É´, Victor Simon compôs várias músicas para Bob, inclusive três de seus maiores sucessos: "Minha Linda Salomé" (em parceria com Denis Brean), "O Boi Barnabé" (em parceria com o próprio Bob Nelson) e "A Valsa do Vaqueiro". Mas que ninguém se iluda, atrás da roupa de caubói americano, dos falsetes tiroleses improvisando "ourureirilus" e de algumas canções desnecessárias, o cantor Bob Nelson, cujo nome de batismo era Nelson Perez, é um grande intérprete de xote, valsa, marcha de carnaval e samba. Quem duvidar pode ouvir seu domínio rítmico e melódico nos sambas-choros "Um Samba na Suíça" (dos míticos compositores – comumente visitados por João Gilberto – Haroldo Barbosa e Janet de Almeida) e "Vaqueiro no Samba" (de Irany de Oliveira e Rosalino Senos). Inspirado provavelmente pela marcha de carnaval "Cawboy do Amor" (de Wilson Batista e Roberto Martins) lançada em dezembro de 1940 pelos "Anjos do Inferno", Bob Nelson criou seu estilo, que pode até ser criticado em vários aspectos, mas não deixa de ser, no mínimo, antropofágico. No citado "O Boi Barnabé" (que era apaixonado por uma vaca que dava "leite açucarado misturado com café" "engarrafado com tampinha e com rolha") a suposta rendição à cultura americana é subvertida pela deslavada marchinha de Victor e Bob, como se o caubói se derramasse desvairado em plena terça-feira gorda. E para completar a barafunda, só faltava mesmo Ciro Monteiro fazendo com a voz o mugido do boi apaixonado. Mas nem isso faltava. Na gravação em novembro de 1945, Ciro estava presente, atendendo pelo nome de Barnabé.

A menção a Ciro Monteiro nos faz atentar para um outro nome da lista de intérpretes das obras de Victor Simon: Geraldo Pereira. Se o Formigão cantou como poucos os sambas de Geraldo, em o "Falso Patriota" a presença de Simon subverte novamente a história, pois Pereira deixa de lado a sua arte de compor para ser simplesmente intérprete. Aliás, um grande intérprete.

Tive notícia recente de um comentário em um blog onde, por causa de "Falso Patriota", Victor Simon foi chamado injusta e injuriosamente de "comprositor" (a insinuação é de que o autor verdadeiro seria Geraldo Pereira). O comentário – que foi bravamente combatido por Fernando Szegeri em um discurso inflamado diante das mesas e violões do "Ó do Borogodó" – só pode ser fruto de confusão, desinformação ou desatenção lógica e histórica, jamais de má fé, suponho. Ora, analisando a grandiosa obra (tanto em número quanto em qualidade) de Victor Simon e a extensa lista de seus (brilhantes) intérpretes, percebe-se que ele jamais foi um falso compositor que se apropriava de músicas alheias.

No que diz respeito à composição específica, o comentário injusto não encontra qualquer respaldo em obras fundamentais sobre Geraldo Pereira, como são os casos de "Um Certo Geraldo Pereira", de Alice Duarte Silva de Campos, Dulcinéa Nunes Gomes, Francisco Duarte Silva e Nelson Matos (Nelson Sargento) – Rio de Janeiro: FUNARTE/INM/Divisão de Música Popular, 1983 e "Um Escurinho Direitinho – A Vida e Obra de Geraldo Pereira, autor de ‘Falsa Baiana’, ‘Bolinha de Papel’ e dezenas de outros sambas imortais’ ", de Luís Fernando Vieira, Luís Pimentel e Suetônio Valença – Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. Isso sem falar no texto de contracapa de Zuza Homem de Mello para o LP que resgatou "Falso Patriota" do limbo dos 78 rpm, "Sambistas de Bossa & Sambas de Breque" (RCA – 107.0278 – 1977).

Do ponto de vista lógico e histórico a injúria não se justifica. "Comprositores" sempre houve em nossa música, mas tal prática se dava (e talvez ainda se dê) nas seguintes hipóteses mais constantes: a) ou o "comprador" buscava a parceria para ter seu nome impresso e divulgado ao lado de um compositor respeitado – não só para também conseguir fama, mas visando principalmente à gravação da música por algum intérprete renomado, o que resultaria em provável retorno financeiro, ou b) tal "usurpador", não raro um cantor já reconhecido, percebendo as potencialidades artísticas e econômicas de um determinado samba, comprava (das mais diversas formas) a parceria (ou a composição toda) para lucrar não só como intérprete, mas também pela arrecadação de direitos autorais. No caso de "Falso Patriota" – gravação de 26 de junho de 1953, no lado "A"do 78 rpm que apresenta no "B" "Cabritada Mal Sucedida", do próprio Geraldo, Wilton Wanderley e Jorge Gebara (RCA – Victor 80.1192) – a situação se inverte. Por mais que fosse um compositor respeitado (ainda que não fosse reconhecida sua genialidade àquela época), Pereira não era um intérprete famoso, embora igualmente fantástico. Geraldo Pereira teve dificuldade para gravar seus 32 registros como cantor, sendo talvez o referido disco, seu maior "sucesso" nessa área. Victor já era autor reconhecido na época da gravação de "Falso Patriota" e não tinha interesse nenhum em gravar com um cantor de pouca projeção, a não ser o prazer de ouvir seu samba na voz de um artista que ele, sensível como Geraldo, percebia ser um mestre. Talvez Pereira tenha tido mais interesse nessa gravação do que Victor, justamente porque, nessa época queria se firmar como cantor, e o reconhecimento de um compositor respeitado como Simon emprestava respeitabilidade ao seu disco. Logicamente Geraldo não precisava nada disso, como se pode constatar ouvindo, no lado "B", o brilhante samba "Cabritada Mal Sucedida" talvez um dos seus sambas mais perfeitos; mas dizer que Victor Simon não seria capaz de compor "Falso Patriota" é totalmente equivocado, e, repita-se, injusto. No samba – talvez uma resposta a eventuais críticos de sua ligação com Bob Nelson – Victor enaltece as coisas e valores brasileiros, criticando os que abdicam dos produtos nacionais em detrimento do estrangeiro. Se em "O Boi Barnabé" Simon praticava canibalismo cultural, em "Falso Patriota" ele beirava a xenofobia, talvez reflexo das idéias marxistas que desde essa época passara a defender com paixão. Não bastasse tudo isso, não se pode menosprezar a participação na autoria de David Raw, parceiro constante de Victor Simon e também um compositor de talento como atesta o samba (em parceria com Jucata) "Vida Dura", sucesso na voz de Caco Velho, recentemente regravado por Germano Mathias.

A preocupação social foi sempre uma constante na obra de Victor Simon, ainda que essa não apareça muitas vezes de forma explícita. No samba "Porteira do Brás" (em parceria com Lys Monteiro), gravado por Wilson

Roberto (acompanhado pelo regional de Benedito Lacerda e Raul de Barros no trombone, provavelmente no final da década de 40), ao tratar da derrubada de uma porteira da rede ferroviária que atrapalhava o trânsito no bairro paulistano do Brás, Victor Simon metaforicamente abre os olhos e ouvidos da cidade para os então renegados bairros pobres da zona leste, região marginalizada e esquecida pelos órgãos públicos. Se o então governador de São Paulo, Adhemar de Barros tentou utilizar a música em seu benefício político (já que fôra ele que, com a construção do Viaduto do Gasômetro, derrubara uma das porteiras – embora somente em 1967 o Brás tenha se livrado definitivamente de seus "entraves"), espertamente Victor Simon inseriu com pioneirismo a "cidade excluída", mencionando bairros renegados em um samba que fez muito sucesso na época e que abriu trincheiras para que Adoniran Barbosa chegasse até as Vila Ré e Esperança. Pouco depois, Victor Simon voltou a tratar de "cidades partidas" (para usar uma expressão muito cara a Zuenir Ventura): em janeiro de 1954 foi lançada a marcha "Vagalume" (em parceria com Fernando Martins) através de duas gravações diferentes, uma de Violeta Cavalcanti e outra dos Anjos do Inferno. Estrondoso sucesso de carnaval, os versos "Rio de Janeiro, cidade que nos seduz, de dia falta água, de noite falta luz" escondem por trás do genial espírito irônico (gozador, diria João Nogueira) do carioca (embora Victor fosse fluminense de Macaé, incorporara todo bom-humor da capital) uma crítica social violenta, que não se restringia a cidade do Rio de Janeiro, mas a todas as outras cidades brasileiras: o desprezo dos poderes públicos às necessidades da população. Por trás de monumentos, de praias aclamadas com lirismo, de uma cidade violentamente bela, existia outra, mal-administrada, tomada por problemas, feita de pessoas que moravam no asfalto e nos morros, vistas tantas vezes apenas como parte de uma paisagem exótica. Naquele momento, Simon e Fernando Martins não diziam isso com todas as letras, mas hoje a profecia de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro parece querer se cumprir e o morro ameaça descer sem que seja carnaval para receber aquilo que sempre lhe foi negado. Depois de carnavalizar o caubói americano, defender sincopadamente o produto brasileiro, abrir as portas da cidade para a zona leste e seus moradores entrarem na música brasileira incomodando a elite paulistana e denunciar risonhamente o descaso do governo com a população, Victor – não antes de alcançar sucesso com o samba "Bom Dia, Café" na voz de Roberto Luna em 1958 – resolveu se embrenhar por China, Rússia, América Latina e acabou conhecendo "Che" Guevara, declarado fã do "bolero-mambo" de Simon (vertido para várias línguas), "O Vagabundo", "Que importa saber quem sou/Nem de onde venho/Nem pra onde vou/O que eu quero são os teus lindos olhos, morena/Tão cheios de amor/O sol brilha no infinito/E aquece o mundo aflito/Que importa saber quem sou/Nem de onde venho/Nem pra onde vou/Eu só quero é o teu amor/Que me dá a vida/Que me dá calor/Tu me condenas por ser vagabundo/E meu destino é viver ao léu/Pois vagabundo é o próprio mundo/Que vai girando no azul do céu".

E o mundo vagabundo foi estraçalhando Victor Simon. O autoritarismo brasileiro das décadas de 60, 70 e início da de 80 foi pouco a pouco sufocando seus sambas, sua marchas, suas idéias de igualdade e sua vida. A crença em regimes alternativos que pudessem salvar o homem que caminhava na rua acabou se transformando apenas na crença naquele homem. E nada mais. Perto do fim, talvez continuasse compondo em nome dessa fé, mas suas músicas há tempos não ganhavam vida e muitas morreram junto com ele. Amigos como Roberto Lapiccirella e Osvaldinho da Cuíca ainda conseguiram que Victor Simon, com mais de 80 anos, se apresentasse lembrando suas histórias. E nessas horas ele se desgrudava um pouco do sufoco a que fora condenado para cantar em paz.

Não se pode negar ao artista o direito de cometer erros. Victor Simon deve ter cometido os seus e sua vida terminou de maneira quase miserável. Mas os erros não se comparam à sua obra, às suas idéias, ao seu amor pelo mundo. E ele não merecia morrer da forma que tanto lutou para que o homem não vivesse. Uma segunda-feira, 16 de maio de 2005, encontrou o boêmio, compositor e sonhador Victor Simon morto, aos 88 anos. E primeiro de agosto estará logo ali, esperando pelos 89 que nunca virão.

Por Caio Silveira Ramos




quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A taxa de crescimento da população indígena...

Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estima-se que havia por aqui cerca de 6 milhões de índios.
Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada. Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68.000 e 100.000 habitantes. Atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil. Contando os que vivem em centros urbanos, ultrapassam os 300.000. No total, quase 12% do território nacional, pertence aos índios.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente existem apenas 170. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas.
Será o fim dos índios?
Apesar do "Dia do Índio", que é comemorado no dia 19 de Abril, não tem nada para se comemorar. Algumas tribos indígenas foram quase executadas por inteiro na década de 70 em diante, enquanto estavam fora de seu habitat, quase chegaram a extinção, foram ameaçados por epidemias, diarréia e estradas. Mas hoje, o que parecia impossível está acontecendo: o número de índios no Brasil e na Amazônia está aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população indígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%. Em melhores condições de vida, alguns índios recuperaram a sua auto-estima, reintroduziram os antigos rituais e aprenderam novas técnicas, como pescar com anzol. Muitos já voltaram para a mata fechada, com uma grande quantidade de crianças indígenas.
"O fenômeno é semelhante ao baby boom do pós-guerra, em que as populações, depois da matança geral, tendem a recuperar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente", diz a antropóloga Marta Azevedo, responsável por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.
Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se encontra agora sob controle. Mas não! O maior desafio da atualidade é manter viva sua riqueza cultural.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A TABACARIA - Fernando Pessoa - Álvaro de Campos

      TABACARIA
    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada

    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.

    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.

    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.
    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.

    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.

    Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    Álvaro de Campos, 15-1-1928

    Para o eterno amigo, Antonio Cezário, o Xu.



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Gringo! O novo álbum da banda Rioclaro

                                                                                                         El Sandino
Uma das explicações para a palavra GRINGO - que dá nome ao novo álbum, remete as investidas  dos nossos tão queridos e amigos norte-americanos, que no século XVIII ao expandirem suas terras ao sudoeste da Califórnia habitadas por índios no Texas, usavam uniformes verdes (green) que possuíam detalhes dourados (gold) dando origem à palavra "Greengold"= Gringo. No álbum buscamos as raízes latinas e nossa tão gloriosa língua portuguesa.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Violeiros do Centro Oeste



O Encontro de Violeiros de Brazlândia chega à 12ª edição com 15 duplas e um grupo de catira, numa programação que tem início nesta sexta-feira (8/6) e segue até domingo (10/6), com shows, oficinas de viola, feira de artesanato e comida de festa caipira. A agenda de domingo começa cedo: às 10h, será promovida uma cavalgada pelas ruas de Brazlândia, e às 14h, as apresentações serão voltadas ao público infantil, com Mamulengo Presepada e Catira Mirim.
A maior parte das duplas  é do Distrito Federal, mas algumas vêm de Goiás, Mato Grosso e Zé Mulato & Cassiana é uma das atrações locais do festival, conta que a razão de ter feito uma dupla caipira é o irmão, Cassiano. “Estamos juntos desde que ele veio ao mundo. Aliás, o culpado de sermos irmãos é ele, que inventou de nascer depois. Eu já existia”, brinca.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

You will always be with us Levon!

 O baterista Levon Helm, integrante antigo do The Band, morreu aos 71 anos nesta quinta-feira depois de uma longa batalha contra o câncer na garganta.
Helm, que também fez turnê com a banda All Star, de Ringo Starr, nos anos 1980, e que ganhou o Grammy em 2011, cancelou shows recentemente devido aos problemas de saúde.
"Levon Helm morreu em paz nesta tarde", disse a empresária de Helm, Barbara O'Brien, em comunicado. "Ele estava rodeado pela família, amigos e colegas da banda e será lembrado por todos aqueles que ele impressionou como músico brilhante e uma bela alma".

A morte do baterista aconteceu dias depois de sua mulher Sandy e sua filha Amy postarem uma mensagem no site oficial dele, em 17 de abril, dizendo que Helm "está nos estágios finais de sua batalha contra o câncer. Por favor, enviem suas orações e o seu amor para ele, enquanto ele passa por essa parte da jornada."
Helm foi diagnosticado com câncer na garganta em 1998. A certo ponto, o nativo do Arkansas perdeu a voz e quase a sua casa de Woodstock, em Nova York, devido a dívidas médicas.

Em vez disso, ele transformou a casa, mais conhecida como The Barn, em uma sala de concerto semanal que atraiu multidões, grandes nomes como Emmylou Harris e Kris Kristofferson, e acabou conseguindo pagar a hipoteca e rejuvenescendo sua carreira.
Helm era mais conhecido pelos anos que passou no The Band, onde tocou bateria, guitarra, mandolim e cantou até o show de despedida do grupo "The Last Waltz", de 1976, que foi filmado pelo diretor Martin Scorsese.
(Reportagem de Jonathan Allen)




















Victor Lacombe - Eu conheci o Levon Helm e a The Band a pouco tempo. É até uma vergonha falar isso. A banda acabou em 1976, ano em que nasci, e só agora, apesar de sempre ter ouvido falar do grupo, eu tô tendo contato com a obra dos caras. Levon é fantástico! Um grande baterista e que cantava como poucos. Eu estou lamentando a sua morte. Logo agora que eu acabei de conhecê-lo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Liberdade profissional para os músicos.

PGR é contra lei que regulamenta profissão de músico


A procuradora-geral da República, Deborah Duprat, ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra dispositivos da Lei n° 3.857/60, que regulamenta a profissão de músico. Para Duprat, as regras questionadas não foram recepcionadas pela Constituição Federal e são “flagrantemente incompatíveis” com a liberdade de expressão da atividade artística e com a liberdade profissional.
A ação proposta pela procuradora-geral é uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 183), instrumento jurídico próprio para evitar ou reparar uma violação de algum preceito fundamental da Constituição Federal. As ADPFs servem para contestar normas editadas antes da Constituição e somente podem ser ajuizadas quando não há outro tipo de ação para atacar a suposta ilegalidade que se pretende anular.
Ao todo, a procuradora-geral contesta 22 artigos da Lei n° 3.857, que criou, em 1960, a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), estabeleceu requisitos para o exercício da profissão de músico e instituiu o poder de polícia sobre essa atividade artística. Segundo o artigo 18 da norma, todos que se anunciarem como músicos ficam sujeitos às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão se não estiverem devidamente registrados nos órgãos competentes.
O artigo 16 da lei determina que somente pode exercer a profissão de músico quem estiver regularmente registrado no Ministério da Educação e Cultura e no Conselho Regional dos Músicos com jurisdição na região de atividade do artista.
A procuradora-geral lembra que, ao anular a obrigatoriedade do diploma de jornalista, o STF afirmou que as restrições à liberdade profissional somente seriam válidas em relação às “profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas”.
Ela questiona que tipo de interesse justificaria a restrição à liberdade profissional do músico e a qual risco social estaria envolvido nesta profissão. Segundo Duprat, “se um profissional for um mau músico, nenhum dano significativo ele causará a sociedade”. E completa: “na pior das hipóteses, as pessoas que o ouvirem passarão alguns momentos desagradáveis”. Para ela, não cabe “ao Estado imiscuir-se nesta seara, convertendo-se no árbitro autoritário dos gostos do público”.
Duprat ressalta ainda que um dos campos mais relevantes da liberdade de expressão é o das manifestações artísticas, inclusive a música. Assim, essa liberdade é violada com a exigência de que músicos profissionais se filiem à Ordem dos Músicos do Brasil. E acrescenta: “Da mesma maneira, é indiscutível a ofensa à liberdade de expressão consubstanciada na atribuição a orgão estatal do poder de disciplinar, fiscalizar e punir pessoas em razão do exercício de sua atividade artística”.

Os dispositivos questionados pela ADPF são os artigos 1º (parcial); 16; 17, caput (parcial) e parágrafos 2º e 3º; 18; 19; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36; 37; 38; 39; 40; 49, caput; 50; 54, alínea b (parcial); e 55 (parcial) da Lei n° 3857/60.
A procuradora-geral pede a suspensão desses dispositivos até o julgamento final da ação. Ela alega que “essa normas criam inadmissíveis embaraços aos músicos profissionais – sobretudo para os mais pobres, sem formação musical formal, e que muitas vezes não dispõem dos recursos para pagar sua anuidade – dificultando o exercício a sua profissão e cerceando o seu direito à livre expressão artística”, além de privar “toda a sociedade do acesso à obra destes artistas”.



Processo relacionado: ADPF 183

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A morte de Clarence Clemons

 O saxofonista americano Clarence Clemons, membro da E Street Band, o grupo que acompanha Bruce Springsteen, morreu neste sábado à noite aos 69 anos em um hospital da Flórida por conta das complicações decorrentes do derrame cerebral que sofreu no último dia 12.

A morte de Clarence Clemons foi anunciada "com arrasadora tristeza" no site oficial de Bruce Springsteen aos amigos e fãs do "Boss" e da E Street Band.
O saxofonista, inseparável companheiro de Springsteen durante quase quatro décadas, sofreu um derrame cerebral na semana passada que causou paralisia no lado esquerdo do seu corpo e o obrigou a passar por duas operações.
A notícia causou grande inquietação entre os admiradores de Springsteen, já que Clemons, conhecido como "Big Man" por seu porte físico, era uma peça fundamental da E Street. Durante os últimos dias, sucederam-se mensagens de apoio ao músico.
"Clarence viveu uma vida maravilhosa", escreveu Springsteen em seu site neste domingo, em uma mensagem na qual ressaltou a entrega de seu amigo e companheiro à música.


"Ele amava o saxofone e nossos fãs e dava tudo cada noite que pisava no palco", escreveu o Boss, que considerou "imensurável" a morte de Clemons, ao qual se referiu como seu "grande amigo" e "companheiro".



Nascido em 11 de janeiro de 1942 em Norfolk (Virgínia), Clarence Clemons se uniu à E Street Band em 1972 e desde então participou da gravação de 12 álbuns de Springsteen e de inúmeras turnês por todo o mundo.
Além de colaborar com outros artistas, Clemons lançou vários álbuns solo e participou do filme "New York New York" (1977), de Martin Scorsese. EFE

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quarta-feira, 30 de março de 2011

Elizabeth Reed e Allman Brothers Band


O grupo costumava ensaiar e mandar umas baladas pesadas, com muito sexo, drogas e rock'n'roll dentro de um cemitério chamado Rose Hill Cemetery, onde numa dessas foi composto o clássico absoluto "In Memory of Elisabeth Reed", que nada mais foi que uma homenagem à ocupante do túmulo em cima do qual a música foi composta.
Pra quem não sabe, Duanne Allman participou (maravilhosamente) da gravação do mega clássico de Clapton "Layla and Other assorted love songs" e numa noite ele (Clapton) convidou os Allman para uma Jam session que varou toda a madrugada junto com os Derek and the Dominos
(só de pensar nisso dá frio na barriga), e segundo Butch Trucks, ao final Clapton mostrou pra Duanne a música (Layla) ainda incompleta e este falou: "deixa eu tentar um troço aqui...." e mandou na guitarra as cinco notas iniciais que identificam a musica até hoje.
Em 29 de outubro de 1971, saindo de uma festa na casa de Berry Oakley, Duanne derrapou com sua moto e bateu de frente com um caminhão, calando aos 24 anos a maior promessa da guitarra de sua geração. Em novembro de 1972 na mesma estrada (três quarteirões depois) também de moto morria (também aos 24 anos) Berry Oakley. Foram enterrados no Macons Rose Cementery Hill, o mesmo das baladas e onde até hoje repousa Elizabeth Reed.
Uma vez, ainda com a formação clássica, eles tocaram por sete horas ininterruptas e quando terminaram o publico sequer aplaudiu. Saíram como de uma experiência mística e dia claro foram se retirando em silêncio como se não quisessem interromper aquele momento único e mágico. Ver a Allman Brothers Band completa no seu auge dar tudo de si até o sol raiar.

Por Claudio Vigo - Wiplash.net
Ilustração Ray Titto - Livro Guitarras Negras

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

John Fogerty em maio no Brasil

John Fogerty, que no fim da década de 60 e no começo da de 70 liderou o Creedence Clearwater Revival, anunciou em seu site oficial, na última quarta, 23, shows no Brasil. Ele desembarca no país em maio com a turnê que realizará pela América Latina.

Serão quatro cidades e cinco apresentações: Rio de Janeiro (6/5, no Citibank Hall), Jaguariúna (7/5, durante o Rodeio de Jaguariúna), Belo Horizonte (8/5, no Chevrolet Hall) e São Paulo (10 e 11/5, no Credicard Hall). Informações a respeito dos preços e início da venda dos ingressos ainda não foram divulgadas.
Fogerty, que conta com uma longa carreira solo, é mais lembrado, até hoje, por ter sido vocalista, compositor e guitarrista do Creedence Clearwater Revival, de clássicos como "Have You Ever Seen the Rain?", "Proud Mary" e uma versão de "Susie Q", entre muitas outras músicas que tornaram o CCR conhecido no mundo todo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Junior Brown é inacreditável!

Jamieson "Junior" Brown nasceu numa tarde ensolarada do dia 12 de junho em 1952. Guitarrista e cantor de country music, já passou duas vezes na Billboard e lançou uma dezena de álbuns bacanas. Como guitarrista, pra nós da banda Rioclaro, é simplesmente o mais criativo da country music.
 O modelo de sua guitarra já mostra que o cara não veio para ser mais um. Este cowboy louco idealizou uma mistura de guitarra com Lap steel. De Kirksville, Indiana, aprendeu a tocar piano com seu pai. Depois ficava horas e horas sonhando com as ondas de Waimea ouvindo The Shadows, Dick Dale e Hank Williams. Esta excêntrica mistura, rapidamente o jogou para os palcos. No início dos anos 60, Brown já trabalhava para grupos como: The Last Mile Ramblers, Dusty Drapes and the Dusters e Asleep at the Wheel tocando steel. Com ajuda de Michael Stevens, em 1985, Junior inventou sua guitarra de dois braços e chamou o instrumento "Guit-steel". Para tocá-la, o cara fica em pé atrás do instrumento sobre um pequeno suporte. O braço de cima é uma guitarra de seis cordas tradicional, enquanto a parte inferior é um lap steel para tocar com slide. Com uma máquina dessas, Tornou-se num típico herói da guitarra em todo o Texas. Seu álbum de estréia foi "12 tons de marrom" em 1990 , lançado pelo selo britânico Demon Records , relançado em 1993 seguidos por Guit with It. Em 1995, Brown lançou "Semi Crazy", e em 1997 Long Walk Back. Antes disso, Brown arrasou cantando o clássico “409” junto com os Beach Boys. Foi quando levou o CMA Country Music Video of the Year de 1996 .
A música de Brown, também rola em muitos filmes, incluindo "Eu, Eu Mesmo e Irene", "Bob Esponja", e na nova versão de "Dukes of Hazzardd" , no qual ele também atuou como narrador. Embora seu estilo original seja o countryzão americano, para relembrar os velhos tempos, algumas de suas performances buscam sempre o surf rock instrumental das antigas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Chuck Berry - O homem que inventou a guitarra rock and roll

Há 55 anos, Chuck Berry inventou o rock and roll. Mas ele prefere falar sobre cortar a grama, matemática e poesia. Uma rara entrevista com uma lenda de 83 anos que diz estar apenas começando No decorrer de uma carreira que se estende por seis décadas, Chuck Berry, provavelmente a figura mais importante na evolução do rock and roll, estabeleceu algumas regras de vida bem rígidas. Entre elas: não haverá performance a menos que o pagamento seja recebido à vista, em dinheiro; nada de limusines ou motoristas: o Sr. Berry prefere ele mesmo dirigir quando está em turnê; a banda de abertura não pode mencionar o nome Chuck Berry durante seu set; e, finalmente, nunca confie em jornalistas. Por causa da quarta regra, Berry é conhecido não só por não dar entrevistas mas também por enxotar jornalistas do Berry Park, sua propriedade nas proximidades de St. Louis. Aos 83 anos, ele se tornou um dos pioneiros do rock mais mal compreendidos, descrito com freqüência como azedo, teimoso e irascível. Como colocou Keith Richards certa vez: "Amo seu trabalho, mas não seria capaz de me afeiçoar a ele nem se fôssemos cremados juntos”.


John Lennon e Keith Richards
. Se ele não gostar de você ou se sentir desconfortável, a entrevista durará provavelmente uns cinco minutos. DisseJoe Edwards, proprietário do lugar e amigo de longa data do músico.
- E fale devagar. Ele fica frustrado quando não consegue ouvir e pode ir embora.

Berry está parado esperando no restaurante, longe o suficiente dos olhares dos frequentadores, perto de um pôster enquadrado que divulga seus primeiros shows como líder de banda no início dos anos 50. A primeira coisa que alguém nota em Berry são suas mãos: são grandes, com unhas compridas e dedos grossos. Parecem feitas não para o dedilhado sutil, mas para os altos, intensos e transbordantes riffs que fizeram a música dele parecer tão mais jovem selvagem e perigosa que o rhythm & blues de seus predecessores.
E há o seu traje. Ideal para o tipo de homem que quer se destacar: uma camisa de botões rosa claro com um grande e brilhante broche, óculos escuros e um chapéu branco de capitão. E, por fim, há a atitude: humilde e amigável, ainda que firme e implacável. "Ah, ele conseguiu chegar", diz Berry como saudação, pelo repórter estar atrasado, embora estivesse, na verdade, dois minutos adiantado.
O restaurante é decorado com mais pôsteres, long plays e a guitarra Gibson que Berry usou para gravar seu sucesso de 1958, "Johnny B. Goode”.

Enquanto entra na sala de jantar particular, Berry ameaça pegar o lugar na cabeceira da mesa, mas então reconsidera e modestamente senta-se em um dos outros lugares. É o primeiro sinal de que ou Berry é muito mais humilde do que a reputação que o precede ou então amoleceu com a idade.

- Posso ver as perguntas? Disse Berry.

- Ele prefere entrevistas que são mais como conversas. Entrando no meio da conversa para persuadir Berry a abrir mão do pré-requisito, diz Edward enquanto Berry ameaça sair quando vê o gravador, mas hesita e diz:
- Eu costumava trabalhar na Kroger's. Quando a loja abria, você tinha que estar lá. Quando trabalhei numa fábrica de automóveis, havia relógio de ponto. Mostrava se você chegava um minuto atrasado. Se você tem um trabalho remunerado, precisa comparecer.
Logo, Berry encontrou algo novo para reclamar: a dicção do repórter, e como ele não conseguia ouvir as letras t e g nas perguntas. Ele começa a contar como aprendeu a corretamente escutando Nat "King" Cole e como passou a vida se esforçando para usar as palavras de maneira apropriada em vez de suas gírias equivalentes. Os minutos passam tensos, mas lentamente Berry começa a relaxar. O ponto em que tudo muda começa durante a discussão sobre um de seus passatempos favoritos: o jogo. Quando todo mundo explode em risadas, Berry repentinamente tira seus óculos escuros, coloca um aparelho de audição e abre um sorriso largo.
- Já posso sentir que você é um entrevistador muito bom, e esse tipo de entrevista pode demorar. Ele finalmente diz:

- Vamos falar coisas que quero dizer há anos!

Berry não tem intenção de tentar abrir sua alma ou parecer legal ou cumprir exemplarmente uma obrigação de trabalho. Em vez disso, ele aborda a conversa como se fosse um evento teatral, buscando iluminação ou risadas como resposta a cada mudança de tópico. Cada riso que recebe por uma de suas piadas, trocadilhos ou gestos o deixa mais entusiasmado. Em certo momento, disse:
- Também sou comediante. Queria ser comediante. E fiz tanto essas coisas na escola que não conseguia arrumar namorada.
- Eu jogo em caça-níqueis, e anteontem consegui quatro jackpots. Estava lá sentado vendo se conseguia cinco. Agora, se isso é ser ganancioso, então sou ganancioso. Assim, eu imagino se há algo mais do que levantar a plateia em um show. Será que há? Se a resposta é sim, quero tentar! Se isso é ganância, então sim, sou um pouco ganancioso. Disse Berry.
Apesar da citação famosa de John Lennon - Se o rock and roll tivesse outro nome seria Chuck Berry – quando questionado se sente que é um dos inventores do rock, ele responde:
- Não. Há Louis Jordan. Há Count Basie. Nat Cole com certeza. Aquele cara, Joe Turner. Há Muddy Waters, Blue Eyes (Frank Sinatra) e Tommy Dorsey.

Enquanto esses artistas podem ter inspirado Berry, todos eles tocavam no idioma blues,
jazz ou pop. Berry estava entre os primeiros a fundir blues e country sobre uma batida de rhythm & blues e transformar em algo que a cultura jovem poderia chamar de seu.
- Apenas sinto que tirei minha inspiração, educação e um pouco de tudo dos outros que vieram antes de mim. Acrescentei algo meu... Nem sei se acrescentei. Eu toquei e soou diferente.
Com freqüência ele era contratado para tocar em casas que aderiam à segregação, garotos brancos de um lado e negros do outro.

- Os brancos curtiam o blues e os negros gostavam dos honk-tonks.
Assim, a contribuição de Berry ao rock and roll veio em partes por causa de sua tentativa de agradar aos dois públicos simultaneamente. Quando questionado sobre qual conselho daria a si próprio, ele pensa e ri.
- Não pegar o carro daquele cara... Deixar por lá a camisa que eu peguei de cima do balcão daquela loja e terminaria o ensino médio.



“Comecei com esses três senhores, porque eles eram o máximo em simplicidade. Faziam tudo parecer simples, mas se você tentar tocar como John Lee Hooker ou Jimmy Reed, não é tão fácil assim. Toquei boleros com meu pai nas ruas, mas prestava atenção em Chuck Berry”

Carlos Santana

“Chuck Berry é o rock'n'roll. Eu ficava impressionado com as músicas que ele escrevia. Posso dizer que deve ser o melhor conjunto da obra que me vem à cabeça. E Chuck não é só o rock'n'roll, ele é o jazz, o blues e todo o resto. Quando escuto "SchoolDays", "Too Much Monkey Business", "Little Queenie", "Johnny B. Goode", simplesmente começo a viajar.”

Keith Richards

Charles Edward Anderson Berry
influenciou Elvis Presley, The Beatles, Rolling Stones e Eric Clapton, que chegou a declarar que “se não fosse Chuck Berry, jamais teria pegado em uma guitarra”.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Samba, paulistano, errou!

Ele foi marmiteiro e nasceu no interior de São Paulo. Certa vez disse: “Comecei cantando samba, com o nome de João Rubinato, não dava certo. João Rubinato cantar samba é fogo”. Compositor de clássicos como Trem das Onze, Samba do Arnesto e Tiro ao Álvaro e responsável por colocar a capital paulista no mapa do samba no Brasil, Adoniran Barbosa escolheu São Paulo para viver e  para eternizar canções sobre bairros como Jaçanã e Bixiga . Dor, saudade, o dia a dia da gente mais simples virava poesia  na voz distorcida de Adoniran.

Adoniran Barbosa nasceu 1910 e morreu em 1982, mas deveria estar presente no Bixiga, em São Paulo, na lembrança de todos os brasileiros e até nas revistas de Rock and Roll. Na verdade, na verdade: essa história de morte até parece mais uma zoadeira dele. “‘Vocês pensaram que nós ‘fumos’ embora, nós ‘enganemos’ vocês. Nós fizemos que ‘fumos’ e ‘vortamos’. O poeta sacaneava tudo. Filho de imigrantes italianos cantava a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole. Através de sua poesia, contou passagens da vida padecida, humilde, e com bom humor sambava com a realidade. Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João. Nasceu e morreu pobre - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com boêmios paulistanos. Numa noite, pagou algumas biritas para Vinícius de Moraes. Foi quando escreveram: “...Se chegue, tristeza. Se sente comigo aqui, nesta mesa de bar. beba do meu copo, me dê o seu ombro, que é para eu chorar, chorar de tristeza, tristeza de amar”.
A carreira de Adoniran decolou de vez quando Trem das Onze venceu o carnaval do Rio de Janeiro em 1965. Depois disso, seu nome passou a ser mais forte no País todo. O momento não poderia ser mais importante, afinal era o carnaval do quarto centenário da cidade do Rio.
Desde agosto, músicos e artistas saudam o centenário de um dos maiores poetas do nosso cancioneiro popular. Menos, o Grupo Especial de São Paulo: Adoniran não foi enredo de nenhuma das escolas que disputaram no carnaval 2010. " Só se conformemos quando o Jóca falou: Deus da o frio conforme o cobertor". Cantava errado pois dizia que seu povo falava assim. Agora, o samba paulistano errou.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Paul McCartney com Wings - Para ouvir e tocar!

Paul McCartney e o violão Epiphone
Paul Mccartney anuncia para novembro relançamento de Band on the run, clássico disco do ex-beatle de 1973 com a super banda Wings vencedor do Grammy, agora remasterizado e com diversos extras. Será uma reedição de luxo, totalmente remasterizada, encartes abarrotados de fotos, DVD com clipes e um especial nunca lançado: One Hand Clapping de 1974. A qualidade do som vem da mesma galera que remasterizou o catálogo dos Beatles, relançado no ano passado. Tem mais: depois de virar avatar, com os outros franjas de Liverpool - no game The Beatles Rock Band - o eterno tocador do "baixo violino"  terá a partir de 5 de janeiro três canções daqueles dias com os Wings no mesmo jogo dos músicos virtuais. Vai ser legal ver a garotada tocando "Band on the Run", "Jet" e "Sing the Changes".

sábado, 9 de outubro de 2010

The Nowhere Boy


"Life is what happens to you while you're busy making
 other plans."

John Lennon em 1965
Um grande cantor, exelente músico, tocador de guitarras Epiphone, escritor, ativista, artista plástico, pai e eterno ídolo. John Lennon foi isso e mais.
                               
. E se vivo estivesse, seria a partir de hoje um coroa rock’n’roll . A efeméride, claro, não vai passar em branco. As celebrações se espalham pelo mundo. Tem até o lançamento de uma réplica da primeira guitarra usada por John na época dos Silvers Beatles: a Rick beat


Em Liverpool, por exemplo, as atividades vão de exposições e espetáculos até a inauguração de um monumento em homenagem ao ex-Beatle. Hoje, a viúva de Lennon, Yoko Ono, acenderá uma pira na torre do memorial Imagine Peace, localizada nas proximidades da cidade islandesa de Reykjavik.

Na Alemanha, os caras tinham 16 anos e tocavam 12 horas por dia
Na ocasião, a Yoko Ono Plastic Band, com a participação de Sean Lennon, filho do casal, fará uma apresentação especial.
Certa vez, abriram o show do Be Bop a Lula Gene Vincent e depois sairam para arrumar umas encrencas
Para os fãs, as novidades são o filme O garoto de Liverpool e o relançamento do catálogo solo de John Lennon, em edições remasterizadas. Dirigido por Sam Taylor Wood, o longa-metragem (intitulado Nowhere boy no original)

                             Nos óculos de John Lennon uma homenagem ao ídolo e mentor Buddy Holly

Aaron Johnson é John Lennon

Nowhere boy apresenta Lennon entre os 15 e os 20 anos, período no qual ele descobre sua paixão pelo rock'n'roll, forma sua primeira banda e conhece os futuros parceiros Paul McCartney e George Harrison.

As primeiras fotos nos tempos de Rockabilly 

O filme mostra também seu conturbado relacionamento com a mãe, que o abandonou na infância (um trauma que Lennon carregaria pela vida adulta) e com a tia Mimi, que o criou. O filme foi exibido recentemente no Festival do Rio e deve chegar ao circuito em dezembro.

Compondo com Elton John
O disco Sometime in New York City, de 1972, ganhará forma de álbum duplo, com seis gravações ao vivo.



John Lennon
A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem."
O projeto John Lennon gimme some truth é composto pelos oito discos que John Lennon lançou em carreira solo e a coletânea Power to the people: The hits e ainda uma caixa com quatro discos também batizada com o nome do projeto de relanlçamentos. Lá fora, será lançada também a The John Lennon signature box, que inclui EP com seis singles e o CD Home tapes, com 13 registros caseiros de músicas da carreira solo, todos inéditos.
O disco Sometime in New York City, de 1972, ganhará forma de álbum duplo, com seis gravações ao vivo. Será lançada também a The John Lennon signature box, que inclui EP com seis singles e o tapes, registros caseiros

de músicas da carreira solo, todos inéditas
Lançado em 1980, o disco Double fantasy será apresentado em nova versão.
A Stripped down version remix foi produzida por Yoko Ono e Jack Douglas, co-produtores com Lennon da mixagem original.

A nova edição do álbum virá nas versões extendida, com 2 CDs, e na versão original registrada por Lennon, agora remasterizada.

John Lennon e Elton John biritando em Londres
Às vezes, tomava uma cerveja, um refrigerante. Na verdade, ele não gostava de beber, mas de observar as pessoas. Lennon gostava de gente.



A Epiphone Casino - raspada - de John Lennon

Em outubro de 1971, Yoko Ono e John Lennon alugaram um apartamento em um prédio na rua Bank, que fica em Greenwich Village. Greenwich Village é dos bairros charmosos da cidade com ruas de paralelepípedos e prédios de tijolinhos. Yoko Ono conhecia muito bem Nova york e levava John para passear pelas ruas, praças e parques. Ele dizia que se identificava com os novaiorquinos e que não tinha tempo a perder... 

"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí."
Até dezembro de 1980, Lennon andava pelas ruas de Manhattan.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Johnny Lee e o Club Gilley’s


Ontem, enquanto a gente tocava “Looking for love” eu pensava: “ Caramba, essa música do Johnny Lee, esta no repertório da banda desde o show do Ballroom, em 2003 ”. Quem é Johnny Lee? Antes dele, nenhum cantor de country music havia feito sucesso no Brasil. Johnny Lee foi criado em uma fazenda da cidade de Alta Loma, no Texas. Garoto, se interessou pelo rock and roll e no colégio formou a banda "Johnny Lee e os Roadrunners. Ele não estava de brincadeira, venceu um monte de competições locais e rodou por todo o estado do Texas. Foram muitas aventuras e belas mulheres, mas a grana não dava para pagar suas contas. Daí, Lee alistou-se na Marinha dos Estados Unidos, porém navegar num cruzador carregados de mísseis cruisers não parecia sua onda. Então, Johnny voltou pra casa e retomou sua carreira musical tocando covers em casas noturnas e pequenos bares do Texas.

                  
                        MICKEY GILLEY JOHNNY LEE GILLEY'S promo LIVE FROM GILLEY'S!
Foi quando Mickey Gilley, outro cantor country das antigas primo de Jerry Lee Lewis, resolveu montar o seu próprio boteco: o Club Gilley's em Pasadena, e contratou Johnny Lee. No início, a casa estava sempre vazia, mas Johnny e Mickey Gilley não desistiram. O lugar era bacana, bancos feitos de selas, aquela dança country que a galera fica alinhada, a pista de madeira, montaria em touro mecânico, um palco para as bandas, belas e acolhedoras garçonetes e tinha sempre um inhame frito.

Novo Club Gilley's Las Vegas

O tempo passou e o barzão ficou afamado, Johnny cantou por lá durante dez anos e o Club Gilley’s ficou conhecido como o "maior honky tonk” do mundo. Em 1979, os produtores do filme “Cowboy do Asfalto” - Urban Cowboy – tomaram todas as longnecks do velho Gilley, se esbaldaram nas canções de Johnny Lee e nas dançarinas.
                                                                                     Cowgirls - The New Club Gilley's
Foi assim que resolveram gravar muitas cenas do filme, no Gilley’s. Quando John Travolta tirava a doce 'cowgirlzinha' Debra Winger pra dançar, rolava "Lookin 'for Love". Depois disso, o veterano Johnny Lee finalmente encontrou fama, muita grana e o seu primeiro Disco de Ouro.
 Neste sábado - 09 de outubro - tem Rioclaro no The Old Barr. “Looking for love” vai rolar.
Ray Titto