sábado, 22 de maio de 2010
Só Máquina Quente e Rioclaro
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Johnny Winter no Ferrock. Ceilândia tremeu!
Vito Liuzzi - bateria -Johnny Winter, Paul Nelson - guitarra -, Scott Spray - baixo.
Rolava uma apresentação de catira, enquanto Victor Lacombe passava mal no colo de Núria, comprei meus primeiros tickets de cerveja. No meio da galera, Renato Faria dançava alucinado com Juninho, Paulo Steel não tirava os olhos do pequeno palco, Miguel Mello, Rafael Cury, Marcelo Marssal, Gabriel Lacombe esperavam a maior atração desta edição do Festival Ferrock. De repente um dos primeiros alunos de guitarra do 'colecionador de notas' Steve Vai, Paul Nelson, detonou um fraseado Tex-Mex mostrando que seu chato professor não evitou que ele se afundasse nas águas de Albert King e Jeff Beck. Seus solos, na abertura do show, mostravam um compositor inusitado. Aquela strat preta rasgava rock and roll, caminhava pelo jazz e sem nenhuma cerimônia, berrava no blues. Tinha também o delirante baixista Scott Spray. Rodado pra caramba, começou a tocar seu instrumento quando ainda era uma criança. Gravou com Angela Clemmons no hit "Give Me Just a Litlle More Time", tocou com Edgar Winter, Felix Cavaliere, com o Blues Brother Matt "Guitar" Murphy, Ronnie Spector , The Stylistics, Peter Criss e com os açucarados The Platters. Scott é puro rock and roll. De repente, com movimentos brandos, entrou o Senhor Winter. Esqueçam os antidepressivos, seus anos na vodca, e outras drogas de deixar Keith Richard abatido. Johnny Winter pegou sua contemporânea Erlewine Lazer guitar, sentou-se numa cadeirinha de plástico safada e ali ficou até o fim. Imediatamente, provou porque se tornou tão admirado quanto T. Bone Walker, Stevie Ray e Albert Collins. Lembrei de Luiz Bessa me mostrando nas antigas as versões de Johnny B. Goode, Highway 61 Revisited, Slippin And Slidin e das fitas que rolavam na "Brasa" rebaixada de Rogério Faria Franco. Bons tempos... A gente acelerava na Fróes ouvindo Hustled Down In Texas e Fast Life Rider e esses caras me empurravam estas músicas num tempo em que só queria ouvir Rockabilly. Valeu Rogério... Obrigado, Bessa! Agora, Johnny Winter estáva cantando Bonnie Morone na minha frente.
Não rolava set list, neguinho decidia o repertório no pé do ouvido. O bom texano levantava a galera com Red house e Black Jack. Mas, tinha sempre um cabeludo gritando: “Still alive and well “. A felicidade foi plena quando finalmente ele tocou na sua boa e velha Gibson Firebird de 1963 e o mais bacana é que o Ferrock promoveu o encontro do rock and roll com representantes de manifestações populares como catira, dança folclórica e emboladores de coco.
- Nós temos de ter esse tipo de ousadia. Do mesmo jeito que nós não deixamos o rock morrer, eles não deixam a verdadeira cultura popular brasileira desaparecer. Os governantes deveriam levar esses representantes para dentro dos teatros. - Disse o produtor do evento Ari Barros.
Parabéns, Ari!
Gibson Firebird de 1963
Ray Titto
Rolava uma apresentação de catira, enquanto Victor Lacombe passava mal no colo de Núria, comprei meus primeiros tickets de cerveja. No meio da galera, Renato Faria dançava alucinado com Juninho, Paulo Steel não tirava os olhos do pequeno palco, Miguel Mello, Rafael Cury, Marcelo Marssal, Gabriel Lacombe esperavam a maior atração desta edição do Festival Ferrock. De repente um dos primeiros alunos de guitarra do 'colecionador de notas' Steve Vai, Paul Nelson, detonou um fraseado Tex-Mex mostrando que seu chato professor não evitou que ele se afundasse nas águas de Albert King e Jeff Beck. Seus solos, na abertura do show, mostravam um compositor inusitado. Aquela strat preta rasgava rock and roll, caminhava pelo jazz e sem nenhuma cerimônia, berrava no blues. Tinha também o delirante baixista Scott Spray. Rodado pra caramba, começou a tocar seu instrumento quando ainda era uma criança. Gravou com Angela Clemmons no hit "Give Me Just a Litlle More Time", tocou com Edgar Winter, Felix Cavaliere, com o Blues Brother Matt "Guitar" Murphy, Ronnie Spector , The Stylistics, Peter Criss e com os açucarados The Platters. Scott é puro rock and roll. De repente, com movimentos brandos, entrou o Senhor Winter. Esqueçam os antidepressivos, seus anos na vodca, e outras drogas de deixar Keith Richard abatido. Johnny Winter pegou sua contemporânea Erlewine Lazer guitar, sentou-se numa cadeirinha de plástico safada e ali ficou até o fim. Imediatamente, provou porque se tornou tão admirado quanto T. Bone Walker, Stevie Ray e Albert Collins. Lembrei de Luiz Bessa me mostrando nas antigas as versões de Johnny B. Goode, Highway 61 Revisited, Slippin And Slidin e das fitas que rolavam na "Brasa" rebaixada de Rogério Faria Franco. Bons tempos... A gente acelerava na Fróes ouvindo Hustled Down In Texas e Fast Life Rider e esses caras me empurravam estas músicas num tempo em que só queria ouvir Rockabilly. Valeu Rogério... Obrigado, Bessa! Agora, Johnny Winter estáva cantando Bonnie Morone na minha frente.
Não rolava set list, neguinho decidia o repertório no pé do ouvido. O bom texano levantava a galera com Red house e Black Jack. Mas, tinha sempre um cabeludo gritando: “Still alive and well “. A felicidade foi plena quando finalmente ele tocou na sua boa e velha Gibson Firebird de 1963 e o mais bacana é que o Ferrock promoveu o encontro do rock and roll com representantes de manifestações populares como catira, dança folclórica e emboladores de coco.
- Nós temos de ter esse tipo de ousadia. Do mesmo jeito que nós não deixamos o rock morrer, eles não deixam a verdadeira cultura popular brasileira desaparecer. Os governantes deveriam levar esses representantes para dentro dos teatros. - Disse o produtor do evento Ari Barros.
Parabéns, Ari!
Gibson Firebird de 1963
Ray Titto
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Renato Faria
sábado, 15 de maio de 2010
"Não vim. Brasília é que veio"
Quando perguntam a Viriato de Castro, 73 anos, de onde veio, ele responde: “Não vim. Brasília é que veio”. O velho goiano de chapéu de feltro, veias em alto-relevo e pele tostada da peleja na lavoura está aqui há mais de 200 anos. Não ele propriamente dito, claro. Mas a sua origem, os seus descendentes, os mineiros que vieram para o sertão goiano atrás de terra primitiva, como eles chamavam as sucessivas e infindáveis chapadas devolutas onde mais tarde surgiria a nova capital.Todo o rosto de Viriato é um sorriso quando ele é convocado a dizer se gosta de Brasília: “Tenho até que conhecer o mundo pra ver se tem uma igual, tão linda que é. Como é que alguém teve a ideia de fazer tudo isso? Aquelas tesourinhas, a largura das ruas, aquela Praça dos Três Poderes, aquilo ali é um trem muito valioso. Bonito demais”.Brasília é uma miragem na memória de Viriato de Castro. Raramente, ele desce a serra até o Plano Piloto. Salvo algumas interrupções, passou a vida na fazenda ao lado da Lagoa Mestre d’Armas, vendo a Terra girar em torno do Sol e Brasília crescer ao redor da casa de adobe com uma cruz de madeira no frontispício. É uma construção que tem mais de 120 anos, pelos cálculos de Viriato. Há feridas no reboco, os caibros do telhado estão perigosamente corroídos, as telhas originais se encontram escurecidas, as janelas são de alumínio — mas as portas de madeira, compridas e largas, continuam soberbas — e o assoalho de tábua sem remendos nem deformações segue plácido e potente.
Velha casa
Quando Brasília estava chegando, Viriato preparava a mudança para a casa de duas janelas e porta-balcão. Em 1959, ele se casou com a mineira Maria Clementina, filha dos mais antigos moradores de Brazlândia. O casal se mudou para a casa, que já era quase centenária, e, para tanto, trocou o madeiramento do telhado. Foi a última grande reforma feita numa das mais antigas construções que ainda estão de pé no Distrito Federal.
A mudança para a casa velha, rodeada de monjolos, aconteceu dois anos depois de Planaltina começar a receber agitados visitantes. Eram os primeiros candangos que iam à cidade em busca de alimentos, ferramentas, remédios, utensílios domésticos. “A gente ouvia falar (na mudança da capital), mas não acreditava. O avô de Viriato, também Viriato de Castro, havia sido guia da Missão Cruls, no fim do século 19. O pai, Velusiano, ajudou a erguer a pedra fundamental de Brasília, em Planaltina, em 1922.A tradição de participar da mudança da capital continuou em Viriato neto. Ele ajudou a construir o primeiro galpão da Novacap. “A madeira foi toda carregada nas costas. Era pau de pindaíba (retirado) lá daqueles brejos. Trabalhei em Brasília quando não tinha uma alvenaria assentada. Arrancava capim do brejo pra fazer colchão.” Depois, Viriato percebeu que havia modo mais inteligente de ganhar dinheiro: plantando o de comer. Descobriu que os cariocas gostavam de feijão-preto — variedade pouco conhecida entre os goianos. “Ganhei muito dinheiro com feijão-preto. A primeira coisa que comprei pra mim foi (com o lucro) do feijão-preto. Comprei meu primeiro carro de boi, com 12 bois”.
Enquanto Viriato desfilava com seu carro de boi pelas trilhas de Planaltina, tratores de esteira abriam o Eixão. “Aquelas máquinas enormes derrubando aquelas sucupiraiadas, aquele pauzeiro... A gente parava e admirava. Uma máquina arrancar um pau desses?!” Antes da chegada dos homens e das máquinas, a área onde o Plano Piloto foi feito era conhecida apenas por servir de passagem para quem ia pescar na cachoeira do Rio Paranoá. “Naquele tempo, a gente não sabia o nome piracema. A gente dizia que era o tempo de o peixe subir. O peixe subia e caía do lado, na terra. A gente fazia uma cerquinha e deixava. No dia seguinte, aquilo estava cheio de peixe.”
O TEMPO PAROUO carro de boi continua na porta da casa centenária, o fogão a lenha segue cantando música crepitante, o chão do puxadinho da cozinha é de cimento vermelho, o gado come palha de milho e os gatinhos recém-nascidos estão enroscados no tapete de retalho. É de se perguntar, afinal, que mudanças Brasília trouxe para a vida de Viriato. “Muitas. Mudou tudo. De primeiro a gente morria de apendicite, de doencinha à toa. Mulher morria de parto. Meu tio ficou no sol, com três cobertores, tremendo de bater queixo, era maleita. Só de Goiânia ser a capital de Goiás (antes era Goiás Velho), já foi um lucro doido pra nós. Veio estrada, veio patrola.”
Só uma coisa não mudou para melhor. “O único trem que a gente perdeu de bom e não vai ter nunca mais é a amizade, a confiança. A gente tinha confiança em todo mundo. Ninguém precisava escrever nada. Você podia vender uma boiada. ‘Tal dia eu te pago’, tal dia vinha e pagava. Hoje acabaram os homens de confiança. De primeiro os homens eram mais homens do que hoje.”O velho Viriato continua o mesmo: acorda na escuridão e dorme quando o corpo acusa o cansaço. Cuida da plantação, do gado, da rapadura, dos dois tratores. Uma vez por mês, vai a Planaltina receber a aposentadoria e de vez em quando ao cardiologista. Toma oito comprimidos por dia e conta histórias de antes de Brasília para os visitantes. Sempre há alguém querendo conhecer a memória ancestral da cidade moderna. Viriato de Castro e Maria Clementina tiveram sete filhos, três dos quais já morreram. Têm 13 netos, dois bisnetos e, fechado com rolha de bálsamo, um garrafão de 20 litros de pinga, acondicionada há 18 anos. Há dois outros, enterrados ele não sabe mais onde, há mais de meio século. E histórias, como a do alemão que vivia escondido em grutas e do ouro do Urbano, um tesouro que certo bandeirante escondeu em algum ponto do agora Distrito Federal e que ninguém nunca encontrou. Viriato de Castro é um bem precioso. A gente passa por ele e fica mais rica.
Conceição Freitas
Correio Braziliense
Publicação: 15/05/2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Ask The Dust
Então, um dia, puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé por um momento, lendo. Como um homem que encontrara ouro no lixão da cidade, levei o livro para uma mesa. As linhas rolavam facilmente através da página, havia um fluxo. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim. Bukowski
Depois de tanto tempo, vamos homenagear os sonhos e o ardor deste livro que tanto nos inspirou com noite ASK THE DUST do Churchill Jazz Club.
Um lugar exótico e sensual com o calor e a poeira de nossas novas músicas.
cartaz foto Dennis Chunga
Tony Osanah, um brasileiro genuíno.
Show no The Old Barr com Tony Osanah & Mmaggie
Era mais uma noite de estar ali. No Feitiço Mineiro. Comemos pastéis de queijo e salaminho no camarim. Por conta disto, abri a primeira longneck, acendi um Marlboro enquanto proseava com Lino Japex. Lá pelas dez, pluguei o Martin. Foi aí que ele entrou no bar. Um sujeito de cabelos longos e grisalhos, vestido de camisa branca e colete de couro com apliques indígenas de metais. Lembrei na hora de um daqueles cantores country dos anos 70.
Olhei por baixo da aba do meu chapéu e ouvi:
- Uma banda country em Brasília? – Disse ele, com sotaque castelhano.
Eu não sabia, mas o cabeludo era Sergio Jorge Dizner o Tony Osanah, que aportou no Brasil em 1966. Para fugir da truculenta ditadura argentina deixou Buenos Aires naquele momento. Um ano depois, já tocava no Beco - famosa casa de shows paulistana, dirigida por Abelardo Figueiredo - ali, conheceu Caetano, Gil e Elis, entre outros. Depois de aventuras e peripécias mil nas ondas do rock e da MPB e já se considerando um brasileiro genuíno, se mandou para Europa. Agora estava ali, enquanto eu cantava as primeiras canções do set já sem prestar atenção em letra alguma. Foi quando apareceram outras mulheres indo na direção deles.
Enquanto a banda tocava com altura de bossa nova, uma mulher não muito alta e magra, com ar de distinção, cantava junto com o cabeludo, as canções americanas do repertório
Paulo Steel, Keyla Montenegro e amigos no The Old BarrAquilo me deixava bastante intrigado. Pois não eram músicas conhecidas.
Paulo Ajeitou-se no pedal steel, tocamos mais uma música da gente – O Alforje - e pude observar o olhar de admiração do cabeludo.
- Bravo! - Disse, ele. Opa! Fiquei mais relaxado. Ao lado dele as mulheres riam e bebiam vinho tinto
Alegria, Alegria
Festival de Águas Claras show de Raul Seixas
...No fim da noite, fomos até a sua mesa agradecer pela sua animação e a de seus amigos. Foi quando se apresentou:
- Conhece uma música que diz: Quem é o cavaleiro que vem lá de Aruanda? É Oxossi em seu cavalo, com seu chapéu de banda... - cantarolou.
- Vem de Aruanda uê/Vem de Aruanda uá/Vem de Aruanda uê/Vem de Aruanda uá. - continuei. Era a música "Cavaleiro de Aruanda" que vendeu mais de dois milhões de cópias e oficialmente virou um dos pontos de umbanda mais famosos do País, gravada nos anos 70 por Ronnie Von. Impressionante foi descobrir que o autor da música era um argentino apaixonado por country music o cara é uma LENDA DA GUITARRA na América do sul seu nome é Tony Osanah, sessentão, ex líder dos Beat Boy (banda de psicodélicas guitarras elétricas, que acompanhou Caetano Veloso em "Alegria, Alegria" , no festival da TV Record de 1968) Depois, ele fez músicas para Elis Regina e Roberto Carlos e tocou com Gilberto Gil, Tim Maia e... Raul Seixas. Claro que o papo foi muito maneiro, mas Tony vive na Alemanha e veio visitar o filho Gabriel, mas já estava tarde pra caramba. Daí, marcamos outro chope.
Carlos Saraça, longnecks, as prosas de Osanah e o bom amigo Gabriel
Oxossi e Rock and Roll
, R Raul Seixas e Tony Osanah no Festival de Águas Claras
... No dia seguinte, eu, Victor Lacombe e Carlos Saraça fomos para o Lapa, um bar com clima carioca, petiscos de mineiro e preços de paulista que fica na Asa Sul. Lá pelas dez, Daniel e Tony Osanah chegaram. Logo depois chegaram Lilian Castello Branco, Renata Varella e as histórias rolaram sem parar. Ex-hippie, o portenho guitarrista contou como foi trabalhar e compor para Elis Regina, e tocou com Gilberto Gil, Roberto Carlos, Tim Maia e Raul Seixas, entre outros. Saraça perguntou como um gringo pode escrever uma música de curimba? E Tony, disse:
- Numa tarde de 1972, na Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo. Caminhava pela calçada do antigo prédio do Mappin, de repente um desconhecido, vindo do nada, olhou pra mim e falou que eu precisava de ajuda. Ele parecia um velho índio. Pediu para eu acompanhá-lo e disse que eu nem imaginaria o que ia acontecer na minha vida nos próximos meses.
- Eu era Hare Krishina e ainda não tinha conhecimento das religiões afro-brasileiras, nem de que Oxossi era um orixá do candomblé brasileiro. Então o homem me levou para um terreiro, aquilo parecia uma viagem muito doida... Fiquei emocionado com tanta fé... Foi lindo. Fui pra casa peguei a guitarra, minutos depois, a música estava pronta. Ganhei fama e muito dinheiro depois disso. Até hoje é gravada. Recentemente pela Rita Ribeiro e por Ney Matogrosso. - Disse, ele.
No The Old Barr: a banda Rioclaro, Carlos Saraça e Tony Osanah
... No dia seguinte, eu, Victor Lacombe e Carlos Saraça fomos para o Lapa, um bar com clima carioca, petiscos de mineiro e preços de paulista que fica na Asa Sul. Lá pelas dez, Daniel e Tony Osanah chegaram. Logo depois chegaram Lilian Castello Branco, Renata Varella e as histórias rolaram sem parar. Ex-hippie, o portenho guitarrista contou como foi trabalhar e compor para Elis Regina, e tocou com Gilberto Gil, Roberto Carlos, Tim Maia e Raul Seixas, entre outros. Saraça perguntou como um gringo pode escrever uma música de curimba? E Tony, disse:
- Numa tarde de 1972, na Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo. Caminhava pela calçada do antigo prédio do Mappin, de repente um desconhecido, vindo do nada, olhou pra mim e falou que eu precisava de ajuda. Ele parecia um velho índio. Pediu para eu acompanhá-lo e disse que eu nem imaginaria o que ia acontecer na minha vida nos próximos meses.
- Eu era Hare Krishina e ainda não tinha conhecimento das religiões afro-brasileiras, nem de que Oxossi era um orixá do candomblé brasileiro. Então o homem me levou para um terreiro, aquilo parecia uma viagem muito doida... Fiquei emocionado com tanta fé... Foi lindo. Fui pra casa peguei a guitarra, minutos depois, a música estava pronta. Ganhei fama e muito dinheiro depois disso. Até hoje é gravada. Recentemente pela Rita Ribeiro e por Ney Matogrosso. - Disse, ele.
No The Old Barr: a banda Rioclaro, Carlos Saraça e Tony Osanah
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Rock Rural
Ray Titto, Aquiles Junior, Raulzito e Tony Osanah
Ray Titto, Victor Lacombe e Tony Osanah no The Old Barr tocando Route 66
...Tony contou como foi tocar com Caetano em "Alegria, Alegria", como foi escrever "Soy Loco por Ti América" - uma homenagem a Che Guevara -, falou do amigo Eduardo Araújo, das viagens de Kombi do com Tim Maia, do hit "Tranquei a Vida", do piloto dizendo para Raul Seixas:” Sou seu fã, gostaria de pilotar meu avião". O maluco beleza nem titubeou e voando no céu da Amazônia gritou:
- Para o alto Osanah que isso é Rooooock and Roll, meu filho!!!
- Cara, vou ligar agora para Aquiles Junior e contar essa.- Eu disse.
. O nome Osanah foi dado por Elis Regina, depois de ser presenteada com a canção "Osanah" (mensageiro, em hebraico). Na letra, ele dizia: "Sei para onde vou/Agora eu sei quem sou/Sei do meu caminho/Eu sei com quem eu vou". E desse jeito continuou vivendo intensamente as mais diferentes fases da música popular brasileira. Em 1977, fez para Roberto Carlos "Para ser só minha mulher". Em 1979, formou o grupo Raíces de América, que cantava o sentimento da América do Sul no período da repressão política.
Depois disso, encarou o rock progressivo daqueles anos e fundou a banda: Som Nosso de Cada Dia.
Tony Osanah e Raul Seixas ao vivo
Rioclaro, o Rei do Blues e Tony Osanah
... Vieram novas parcerias com Zé Rodrix e Renato Teixeira e uma grande amizade com o rei do blues
- Conheci BB King, no Brasil. Depois nos encontramos várias vezes na Europa. Até que um dia, no camarim, ele me disse:
- Vai lá, bom amigo Tony e toque sua guitarra com a sua alma e com a minha banda. - Disse, BB King.
Tony Osanah e BB King
E ele tocou Crossroads na sua fiel Giannini de 1976. Em 1989, desencantou-se com a onda de violência e deixou o País. "Fui assaltado várias vezes. Roubaram minha casa no Itaim (zona sul de São Paulo) e levaram até o cachorro e o botijão de gás", lamenta. Tony Osanah vagou por toda a Europa até morar definitivamente na Alemanha. Lá gravou o seu novo álbum - totalmente dedicado ao Blues -, montou uma banda de country music e conheceu sua esposa, a adorável Maggie.
]
A bela Maggie Osanah e a caneca da banda Rioclaro no The Old Barr
As guitarras de Wiesbaden
Gabriel,Victor Lacombe, Ray Titto, Carlos Saraça e Tony Osanah
... Pouco tempo atrás uma assistente social convidou Tony Osanah para tocar nas prisões de Wiesbaden e Halfeld, na região de Fulda, perto de Frankfurt.
- Fui lá sem pensar na grana ou receber qualquer coisa. Lá encontrei rapazes com mais de 17 anos detidos em penitenciárias ao lado de adultos (a lei local permite) que pediram para ensiná-los a tocar guitarra. Claro que eu aceitei. Ninguém tem muita paciência com esses jovens. Mas, nessa parceria, saiu até um disco deles, que produzi em 1999. Disse ele, com orgulho.
Logo, estava dando aulas de espanhol na cadeia. Tony fala sete idiomas e é um grande luthier. Fabricou guitarras personalizadas para Roger do Ultraje a Rigor, e para Marcelo Frommer dos Titãs. Osanah tem uma longa história de amor pelas Gianninis dos anos 70, por isso fazia várias visitas ao prédio da antiga fábrica de instrumentos, na Vila Leopoldina, em São Paulo e assim tornou-se amigo do italiano Giorgio Cohen. O dono da Giannini ficou arrebatado com o entusiasmo de Tony pelas Stratosonics. Daí veio um bom contrato como supervisor de qualidade.
-Comecei aí a idealizar novos modelos de guitarras e criei um projeto audacioso. Victor Lacombe e Tony Osanah no bar Lapa... Hoje, na cadeia juvenil de Wiesbaden, cerca de 700 jovens alemães e outros 300 adultos fabricam boas guitarras com os ensinamentos de Osanah. Os alunos têm uma marcenaria para produzir suas guitarras. Muitos desses jovens são de origem russa e considerados violentos. Mas mudaram após o contato com a música, garante o novo professor.
- Certa vez, dois desses jovens russos foram encontrados desolados e o motivo é que haviam recebido o alvará de soltura. Chateados, pediram a Osanah que falasse com o diretor da cadeia. Queriam ficar mais dez dias presos.
- Eles só queriam sair de lá com as suas guitarras. – Disse Tony.
O diretor, um alemão forte de olhos azuis e 70 anos, ficou comovido. Em 35 anos de trabalho naquele presídio, afirmou nunca ter visto uma cena daquelas. E cedeu. O caso mereceu um registro histórico no prontuário do presídio. E eles só saíram de lá com suas guitarras em mãos.
- Tony, não seria você o Cavaleiro de Aruanda? - indagou Carlos Saraça.
Veja Tony Osanah cantando e tocando sua guitarra feita em Wiesbaden no canal da banda Rioclarohttp://www.youtube.com/user/Rioclarocountryband
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Churchill Jazz Club
Inaugurado em março de 2004, o Churchill Jazz Club é intimista, possui luz baixa, poltronas de couro, mesinhas redondas e pé-direito baixo. A programação musical de hoje - quinta 06 de maio 21h - conta com o puro country da banda Rioclaro.
No menu, mini-hambúrguer de picanha com cebola caramelada, bolinho de bacalhau, rosbife ao pesto de agrião e espeto de figo com presunto parma são as opções. Tudo acompanhado por uma bela carta de vinhos, uísques, vodcas premiadas e cervejas nacionais e importadas. Há também charutos e cigarrilhas.
Na programação, a casa abre espaço para músicos da cidade e nomes internacionais para o deleite do público brasiliense. De segunda a quarta, um pianista se apresenta na casa. De quinta a sábado, é a vez das bandas brasilienses mostrarem seu trabalho no palco.
E no dia 14 de maio tem a festa ASK THE DUST um tributo a John Fante.
Foto Nevery/Modelo Lara
Jaguariúna 2010
É verdade, mesmo! O Ministério Público conseguiu, através da Justiça, cancelar o Rodeio de Jaguariúna deste ano, que começaria hoje.A decisão foi anunciada segunda-feira (03), por meio de uma nota oficial da assessoria de imprensa do evento. Os organizadores do rodeio de Jaguariúna (134 km de São Paulo) recorreram da decisão da Justiça que proibiu ontem a realização do evento, marcado para acontecer entre os dias 6 e 15 de maio.
Na edição do ano passado, um tumulto na arena montada para o rodeio resultou na morte de quatro pessoas.
Em decorrência do recurso que ainda precisa ser analisado, a juíza Ana Paula Colabono Airas, da 2ª Vara de Jaguariúna, suspendeu duas determinações anunciadas ontem e permitiu que os organizadores mantenham a divulgação do rodeio e desobrigou os organizadores de devolver o dinheiro dos ingressos já vendidos. Assessoria da VPJ Eventos - responsável pelo rodeio - afirmou que o recurso apresentado, aponta que "toda a documentação necessária e exigida para a realização do evento em 2010 foi providenciada, assim como acontece todos os anos." A juíza afirmou em liminar que não foram apresentados às autoridades documentos que comprovem a segurança do rodeio, e que "há fortes indícios de que estão sendo vendidos ingressos em número superior à capacidade de público permitida em cada setor". Ela ainda acrescentou que a decisão pretendia 'prevenir eventuais danos à vida e à integridade física dos frequentadores' do rodeio.
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