O guitarrista norte-irlandês Gary Moore foi encontrado morto no quarto de um hotel no sul da Espanha. Ele tinha 58 anos. A informação foi passada pelo empresário do Thin Lizzy, grupo no qual Moore fez parte. A causa da morte não foi divulgada.
Reconhecido como um dos melhores e mais versáteis guitarristas de sua geração, Gary Moore fez carreira tocando principalmente blues e hard rock, mas suas experimentações passaram pelo jazz fusion a flertes com a música eletrônica.
Ele começou sua carreira em 1969, em Dublin, aos 16 anos, na banda Skid Row (não confundir com a banda norte-americana de glam metal), na qual cantava Phil Lynott, que iria fundar a banda de rock Thin Lizzy. Foi o começo da parceria de Moore e Lynott, que se prolongaria até a morte deste último, em janeiro de 1986.
Gary Moore tocou com o Thin Lizzy em diversos momentos, como no disco "Black Rose" (1979). E também é conhecido por participar de discos de vários músicos e projetos paralelos, como o Greedy Bastards, que montou com Lynott, Bob Geldolf e integrantes do Sex Pistols. Ou o BBM, uma espécie de reedição do Cream, ocupando o lugar que seria de Eric Clapton, que recusou-se na época a reformar o seminal power trio com o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker.
Sua lista de colaborações inclui Mick Jagger, George Harrison, Beach Boys, Jim Capaldi, B.B.King, Ozzy Osbourne, Albert Collins, a Royal Philarmonic Orchestra, Greg Lake e Keith Emerson, e os Traveling Wilburys (a super banda de Bob Dylan, George Harrison, Roy Orbinson, Jeff Lynne e Tom Petty)
Seu primeiro disco solo, "Grinding Stone", foi lançado em 1973, mais orientado para o blues. Em seguida, expandiu seus horizontes musicais, tocando jazz rock com o Colosseum II e participando de experiências musicais como o disco "Variations", de Andrew Llloyd Weber - 23 variações para cello e banda de rock do Capricho nº 24 de Paganini. Mais tarde, Gary tocaria na trilha sonora de "Evita", também de Weber.
Seu primeiro sucesso solo foi a faixa instrumental "Parisienne Walkways". Nos anos 80 ele manteve-se firme no hard rock, tocando com alguns dos principais músicos de então no gênero, como os bateristas Ian Paice (Deep Purple), Cozy Powell (Rainbow, Whitesnake, Black Sabbath etc) e Eric Singer (Kiss); os baixista Neil Murray (Whitesnake e Black Sabbath), Bob Daisley (Ozzy Osbourne e Rainbow) e Glenn Hughes (Deep Purple). Gary conseguiu algum sucesso na Europa com a balada "Empty Rooms" e com "Out in the Fields", em que dividiu os vocais com Lynott.
Nos anos 90 resolveu voltar às origens e fez um disco de blues, "Still Got The Blues", quando obteve seu maior êxito comercial. No Brasil, a balada título foi tema de novela. O disco teve as participações dos guitarristas Albert Collins, Albert King e George Harrison. Esta fase contou ainda com mais dois discos de estúdio bem recebidos por crítica e público, "After Hours" e "Blues for Greeny", uma homenagem ao guitarrista Peter Green, fundador do Fleetwood Mac.
Moore usou no disco a famosa gibson Les Paul 59 que pertencera a Green e lhe foi repassada pelo colega quando este decidiu abandonar a música, no início dos anos 70. Recentemente, Moore se desfez da guitarra, que foi avaliada em US$ 2 milhões.
Após a fase blues, Gary resolveu mesclar rock com batidas eletrônicas e fez dois discos mal recebidos pelos fãs. Em 2001 voltou novamente ao blues com "Back to the blues". Os quatro discos seguintes seguiram o mesmo caminho. No ano passado ele fez uma turnê relembrando antigos números de hard rock que não tocava desde os anos 80.
O fundador do Thin Lizzy, Brian Downey, homenageou o guitarrista. "Estou profundamente chocado. Ele sempre estará em meus pensamentos e em minhas orações. Simplesmente não consigo acreditar que não esteja mais aqui.
Por Aquiles Junior