Escrevendo como um louco pra tapar os buracos. Este vazio na boca
do estômago. Nascemos num mundo sem deus e a luz é abundante, mas insuficiente pra aquecer nossas almas congeladas de pavor. Oito-Olhos é apenas alguém que acredita no mundo e na vida, atravessa todos os túneis e considera a morte, a sua meu amor e a de todos outros, um fato consumado. Entrevejo anjos se dissolvendo nessa luz fraca pra aquecer nossos corações, mas forte pra destruir o tênue fio do desejo. Como o desejo é forte pra me fazer sentir que sou apenas um e um é pouco e o tempo não é curto é apenas fechado, uma sala de paredes que se fecham sobre você e você quer saltar fora do tempo. Como o desejo é fraco pra dar conta de tudo isso, o desejo nada pode contra essa luz opaca e frágil e ainda assim somos mais frágeis que ela e mais frágeis que o desejo. Quais são seus planos pra esta noite? Pra amanhã? Alguma viagem impossível, um reencontro: o tempo não se deixa enganar. Preenchendo o vazio
de sentido com palavras. E como as palavras são fracas, ainda mais fracas que nós, mais fracas que a nossa voz, onde elas deslizam e se dissolvem, à luz fraca do dia. E como você gostaria que as coisas falassem, não só as flores, que tudo falasse, ao menos seria menor a solidão. Mas nada fala, tudo é rumor. Tudo é desordem e as pessoas tentando se esconder disso dando ordens. Nós também não falamos, apenas tentamos tapar os buracos com palavras. Alguma ação que me faça esquecer que o universo é surdo que estamos sozinhos que a luz é forte pra meus olhos, mas fraca pro meu coração e que a luz também não diz nada. O presente é frágil, a vida é frágil, cada gota de alegria é frágil e no entanto a memória é ainda mais frágil e o medo é maior porque é a forma de lucidez que resta pra habitantes cegos de um mundo vazio
e como todas as noites rezo (pra quem?): só mais um dia, mais uma noite, mais um dia, mais uma noite, mais um dia de alegria é o que peço ao Acaso que nos persegue no claro intuito de criar mania de perseguição & delírios coletivos. Acreditar em palavras é a pior forma de loucura. Ainda assim rezo e entrego aos deuses, sejam quais forem, ao asfalto, às luzes, às armas de fogo, às mesas, ao entardecer vermelho da cidade meu pedido solene: só mais um dia, mais uma noite de alegria.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Boas Festas e um feliz 2011!
Valeu a todos os amigos que fizeram parte desse maravilhoso ano de 2010. E a gente se encontra, por aí, em 2011.
Férias!!!
Férias!!!
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Uma bela festa country
Elton, Renata Varella, Fred, Keyla Montenegro, Rony Estrada e Flamel. O prestígio da presença dos amigos da UCS
Renato Faria, Fabiana e Paulo Steel
Oa amigos Léo Cowboy e Boi
Carol e Camila as Botequeiras
Elto e Wiliam
Tocando Johnny Cash
"... Enquanto hoje, o sol vai baixando, as nuvens de dourado a vermelho, a música sopra o espaço que se infla como um balão. Há reflexos na água, bronze de fim de tarde. Duas garotinhas dançam no campo de futebol, o gramado verde, os vestidos branco e vermelho contra a encosta matizada de verde a cinzanegro. Depois de embaralhar a consciência, as coisas se misturam, as cores, a música não vem do palco em que meu irmão toca, salta do lago depois de um mergulho, música viscosa que preenche o espaço como um aquário. Não sei bem quando, meu irmão vem e me pergunta se estou acordado. Desperto, ele quis dizer, talvez. Iluminado. Não neste momento, agora estou apenas sentindo os impactos do mundo como se eu fosse uma engrenagem a mais. A alegria entrando pelo ouvido, passando do coração aos olhos, às cores, ao som, ao espaço...."
Daniel Faria
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
* * *
Luz noturna
Outro coração
Bate no seu peito
Um visitante
Inesperado
Bate à sua porta
Bate à porta
Da alma
Um coração inesperado
O seu inesperado
Coração
Bate à porta
Da sua alma
Lentamente
A luz diurna
Desperta para a ficção
Da vida
Você prepara o seu café
E estranha
É mesmo o seu coração
Que bate em meu peito?
Você olha a densidade
Das nuvens
É uma sensação estranha
Os milagres
E o inferno
São igualmente imerecidos
E ainda assim
Você tem medo
De estragar o fim da história.
Outro coração
Bate no seu peito
Um visitante
Inesperado
Bate à sua porta
Bate à porta
Da alma
Um coração inesperado
O seu inesperado
Coração
Bate à porta
Da sua alma
Lentamente
A luz diurna
Desperta para a ficção
Da vida
Você prepara o seu café
E estranha
É mesmo o seu coração
Que bate em meu peito?
Você olha a densidade
Das nuvens
É uma sensação estranha
Os milagres
E o inferno
São igualmente imerecidos
E ainda assim
Você tem medo
De estragar o fim da história.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Chuck Berry - O homem que inventou a guitarra rock and roll
Há 55 anos, Chuck Berry inventou o rock and roll. Mas ele prefere falar sobre cortar a grama, matemática e poesia. Uma rara entrevista com uma lenda de 83 anos que diz estar apenas começando No decorrer de uma carreira que se estende por seis décadas, Chuck Berry, provavelmente a figura mais importante na evolução do rock and roll, estabeleceu algumas regras de vida bem rígidas. Entre elas: não haverá performance a menos que o pagamento seja recebido à vista, em dinheiro; nada de limusines ou motoristas: o Sr. Berry prefere ele mesmo dirigir quando está em turnê; a banda de abertura não pode mencionar o nome Chuck Berry durante seu set; e, finalmente, nunca confie em jornalistas. Por causa da quarta regra, Berry é conhecido não só por não dar entrevistas mas também por enxotar jornalistas do Berry Park, sua propriedade nas proximidades de St. Louis. Aos 83 anos, ele se tornou um dos pioneiros do rock mais mal compreendidos, descrito com freqüência como azedo, teimoso e irascível. Como colocou Keith Richards certa vez: "Amo seu trabalho, mas não seria capaz de me afeiçoar a ele nem se fôssemos cremados juntos”.
John Lennon e Keith Richards
. Se ele não gostar de você ou se sentir desconfortável, a entrevista durará provavelmente uns cinco minutos. DisseJoe Edwards, proprietário do lugar e amigo de longa data do músico.
- E fale devagar. Ele fica frustrado quando não consegue ouvir e pode ir embora. Berry está parado esperando no restaurante, longe o suficiente dos olhares dos frequentadores, perto de um pôster enquadrado que divulga seus primeiros shows como líder de banda no início dos anos 50. A primeira coisa que alguém nota em Berry são suas mãos: são grandes, com unhas compridas e dedos grossos. Parecem feitas não para o dedilhado sutil, mas para os altos, intensos e transbordantes riffs que fizeram a música dele parecer tão mais jovem selvagem e perigosa que o rhythm & blues de seus predecessores.
E há o seu traje. Ideal para o tipo de homem que quer se destacar: uma camisa de botões rosa claro com um grande e brilhante broche, óculos escuros e um chapéu branco de capitão. E, por fim, há a atitude: humilde e amigável, ainda que firme e implacável. "Ah, ele conseguiu chegar", diz Berry como saudação, pelo repórter estar atrasado, embora estivesse, na verdade, dois minutos adiantado.
Enquanto entra na sala de jantar particular, Berry ameaça pegar o lugar na cabeceira da mesa, mas então reconsidera e modestamente senta-se em um dos outros lugares. É o primeiro sinal de que ou Berry é muito mais humilde do que a reputação que o precede ou então amoleceu com a idade.
- Posso ver as perguntas? Disse Berry.
- Ele prefere entrevistas que são mais como conversas. Entrando no meio da conversa para persuadir Berry a abrir mão do pré-requisito, diz Edward enquanto Berry ameaça sair quando vê o gravador, mas hesita e diz:
- Eu costumava trabalhar na Kroger's. Quando a loja abria, você tinha que estar lá. Quando trabalhei numa fábrica de automóveis, havia relógio de ponto. Mostrava se você chegava um minuto atrasado. Se você tem um trabalho remunerado, precisa comparecer. Logo, Berry encontrou algo novo para reclamar: a dicção do repórter, e como ele não conseguia ouvir as letras t e g nas perguntas. Ele começa a contar como aprendeu a corretamente escutando Nat "King" Cole e como passou a vida se esforçando para usar as palavras de maneira apropriada em vez de suas gírias equivalentes. Os minutos passam tensos, mas lentamente Berry começa a relaxar. O ponto em que tudo muda começa durante a discussão sobre um de seus passatempos favoritos: o jogo. Quando todo mundo explode em risadas, Berry repentinamente tira seus óculos escuros, coloca um aparelho de audição e abre um sorriso largo.
- Já posso sentir que você é um entrevistador muito bom, e esse tipo de entrevista pode demorar. Ele finalmente diz:
- Vamos falar coisas que quero dizer há anos!
Berry não tem intenção de tentar abrir sua alma ou parecer legal ou cumprir exemplarmente uma obrigação de trabalho. Em vez disso, ele aborda a conversa como se fosse um evento teatral, buscando iluminação ou risadas como resposta a cada mudança de tópico. Cada riso que recebe por uma de suas piadas, trocadilhos ou gestos o deixa mais entusiasmado. Em certo momento, disse:
- Também sou comediante. Queria ser comediante. E fiz tanto essas coisas na escola que não conseguia arrumar namorada. - Eu jogo em caça-níqueis, e anteontem consegui quatro jackpots. Estava lá sentado vendo se conseguia cinco. Agora, se isso é ser ganancioso, então sou ganancioso. Assim, eu imagino se há algo mais do que levantar a plateia em um show. Será que há? Se a resposta é sim, quero tentar! Se isso é ganância, então sim, sou um pouco ganancioso. Disse Berry.
- Não. Há Louis Jordan. Há Count Basie. Nat Cole com certeza. Aquele cara, Joe Turner. Há Muddy Waters, Blue Eyes (Frank Sinatra) e Tommy Dorsey.
Enquanto esses artistas podem ter inspirado Berry, todos eles tocavam no idioma blues,
jazz ou pop. Berry estava entre os primeiros a fundir blues e country sobre uma batida de rhythm & blues e transformar em algo que a cultura jovem poderia chamar de seu.- Apenas sinto que tirei minha inspiração, educação e um pouco de tudo dos outros que vieram antes de mim. Acrescentei algo meu... Nem sei se acrescentei. Eu toquei e soou diferente.
Com freqüência ele era contratado para tocar em casas que aderiam à segregação, garotos brancos de um lado e negros do outro.
- Os brancos curtiam o blues e os negros gostavam dos honk-tonks.
Assim, a contribuição de Berry ao rock and roll veio em partes por causa de sua tentativa de agradar aos dois públicos simultaneamente. Quando questionado sobre qual conselho daria a si próprio, ele pensa e ri.
- Não pegar o carro daquele cara... Deixar por lá a camisa que eu peguei de cima do balcão daquela loja e terminaria o ensino médio.
“Comecei com esses três senhores, porque eles eram o máximo em simplicidade. Faziam tudo parecer simples, mas se você tentar tocar como John Lee Hooker ou Jimmy Reed, não é tão fácil assim. Toquei boleros com meu pai nas ruas, mas prestava atenção em Chuck Berry”
Carlos Santana
“Chuck Berry é o rock'n'roll. Eu ficava impressionado com as músicas que ele escrevia. Posso dizer que deve ser o melhor conjunto da obra que me vem à cabeça. E Chuck não é só o rock'n'roll, ele é o jazz, o blues e todo o resto. Quando escuto "SchoolDays", "Too Much Monkey Business", "Little Queenie", "Johnny B. Goode", simplesmente começo a viajar.”
Keith Richards
Charles Edward Anderson Berry
influenciou Elvis Presley, The Beatles, Rolling Stones e Eric Clapton, que chegou a declarar que “se não fosse Chuck Berry, jamais teria pegado em uma guitarra”.
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